De acordo com a SIC Notícias, estiveram no local dezenas de elementos da unidade especial da Polícia de Segurança Pública (PSP), com o acompanhamento de uma equipa de delegados de saúde da região de Lisboa e Vale do Tejo.

A operação teve início às 17:00 e pautou pela notificação dos proprietários dos estabelecimentos do Bairro da Jamaica, no Seixal, para que encerrem os seus espaços.

No final da operação, a comissária Maria do Céu Viola, do Comando de Setúbal da PSP, disse que foram "oito locais, identificados pela autoridade de saúde, que foram encerrados e as pessoas foram notificadas".

A mesma responsável disse ainda não precisar por quantos dias ficarão os locais encerrados porque "é uma decisão da autoridade da saúde", sendo que "a PSP colaborou na notificação das pessoas e na segurança da operação", ressalvando que não houve "nenhum incidente".

"Esta é uma questão de saúde pública e as pessoas acataram e colaboraram connosco, com a autoridade de saúde e com a Câmara Municipal [do Seixal]", completou.

Esta operação foi anunciada na quinta-feira, quando as autoridades de saúde disseram estar a preparar o encerramento dos cafés no bairro da Jamaica, no Seixal, para contar o surto de covid-19 detetado entre os moradores.

Segundo o delegado regional de saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Mário Durval, esta medida poderá durar cerca de duas semanas.

O delegado regional de saúde de Lisboa e Vale do Tejo explicou ainda que, "em princípio, na covid-19 os encerramentos duram cerca de 14 ou 15 dias", mas que o período de encerramento neste caso dependerá da realidade local.

"A principal medida é o isolamento dos casos conhecidos. O encerramento dos cafés é acessória, para evitar os contactos", acrescentou.

Na quarta-feira, a associação de moradores de Vale de Chícharos, no Seixal, defendeu que o bairro, mais conhecido como Jamaica, deveria ser “isolado” e limitado aos moradores, responsabilizando as “pessoas que vêm de outros concelhos” pelo foco de infeção de covid-19.

“Deviam mesmo isolar o bairro e só saía ou entrava quem aqui mora”, disse à Lusa o presidente da Associação de Desenvolvimento Social de Vale de Chícharos, Salimo Mendes, que está preocupado com a aglomeração de pessoas nos cafés que se localizam junto ao bairro, no distrito de Setúbal.

“Os cafés ao fim de semana não deixam dormir as pessoas que trabalham, com música e ajuntamento de pessoas que não usam máscara”, relatou.

Na terça-feira, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, informou que foram identificados três focos comunitários na área abrangida pelo Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Almada-Seixal, com um total de 32 pessoas infetadas, 16 dos quais no Jamaica.

O Governo aprovou ontem novas medidas para entrarem em vigor na segunda-feira, 1 junho, com destaque para a abertura dos centros comerciais, dos ginásios, dos ATL ou das salas de espetáculos. Estas medidas juntam-se às que entraram em vigor no dia 18 de maio, entre as quais a retoma das visitas aos utentes dos lares de idosos, a reabertura das creches, aulas presenciais para os 11.º e 12.º anos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios.

No entanto, dado o avolumar de casos detetados na Área Metropolitana de Lisboa, foi anunciado um reforço da vigilância epidemiológica, assim como um plano de realojamento de emergência, sendo que o primeiro-ministro ressalvou que não será aplicado com base no local da habitação, mas sim tendo em conta “as condições de habitabilidade”.

“Não devemos situar este problema neste ou naquele bairro, neste ou naquele concelho, nesta ou naquela zona, pois essa não é a natureza do problema. A natureza está bem identificada. Condições de habitabilidade onde um elevado número de pessoas partilha a mesma residência”, sublinhou.

A esse propósito, António Costa deu como exemplo justamente o bairro da Jamaica, onde segundo o chefe do executivo o problema não tem a ver com as condições de habitabilidade especificas daquele bairro.

“De todas as informações recolhidas, o foco não teve a ver com as condições de habitabilidade naquele bairro. Há muitas situações, como por exemplo na cidade de Lisboa, de sobrelotação de alojamento que também são críticos”, concluiu.

Atualmente ainda residem 74 famílias em condições precárias nos edifícios inacabados de Vale de Chícharos (lotes 13, 14 e 15), as quais aguardam pela segunda fase de realojamentos, que deveria ter acontecido até dezembro do ano passado.

Em 17 de fevereiro, a Câmara do Seixal informou que o processo se encontrava atrasado devido à especulação imobiliária, apelando ao Governo para reduzir o “grande diferencial” de comparticipação nos realojamentos.

A primeira fase terminou em 20 de dezembro de 2018, quando 187 pessoas foram distribuídas por 64 habitações em várias zonas do concelho.