Este foi o terceiro de quatro dias previstos para o interrogatório de José Sócrates na fase de instrução da Operação Marquês, na qual está acusado de 31 crimes económico-financeiros entre os quais corrupção passiva.

Segundo fontes ligadas ao caso, o juiz Ivo Rosa questionou, durante quase seis horas de interrogatório, o antigo primeiro-ministro sobre a sua relação com Carlos Santos Silva, de quem Sócrates recebeu dinheiro, segundo a acusação, a troco de benefícios para o grupo Lena.

A construção de 50 mil casas na Venezuela, no tempo do Presidente Hugo Chavez, pelo Grupo Lena, segundo a acusação a troco de benefícios financeiros de vários milhões para Sócrates, foi outro dos temas tratados hoje, segundo as fontes, tendo, mais uma vez, o ex-governante negado tudo e até exibido um documento elaborado pelo seu gabinete, na altura, que funcionaria como um guião sobre os assuntos a tratar com o chefe de Estado venezuelano e no qual não constava o grupo empresarial da zona de Leiria.

A acusação do Ministério Público considera que Sócrates terá recebido do Grupo Lena, através do seu ex-administrador Joaquim Barroca, também arguido, luvas de mais de 2,8 milhões de euros e que globalmente foi subornado com seis milhões de euros para favorecer o grupo em vários negócios, com especial incidência na Venezuela.

O antigo primeiro-ministro disse também ao juiz que desconhecia os negócios da XLM – Sociedade de Estudos e Projetos, empresa de Carlos Santos Silva, que também é arguida no processo e para a qual a sua ex-mulher alegadamente trabalhou, indicaram as fontes.

Para a acusação, Sofia Fava beneficiou de transferências de dinheiro do ex-marido não declaradas às autoridades tributárias e de Carlos Santos Silva que utilizou para pagar o Monte das Margaridas, verba que lhe foi dada após a simulação de uma relação de trabalho com empresas lideradas por este último, tais como a XLM - Sociedade de Estudos e Projetos Lda.

O interrogatório prossegue na tarde de quinta-feira, mas, segundo a mesma fonte, há fortes probabilidades de não se conseguir terminar no mesmo dia esta fase de defesa do antigo primeiro-ministro que tenta, perante o juiz, evitar ser julgado por corrupção, branqueamento de capitais, falsificação de documento e fraude fiscal.

Para quinta-feira está previsto que Sócrates seja confrontado com o dinheiro que recebeu de contas de Carlos Santos Silva e que sempre justificou como "empréstimos" do amigo, mas que para o Ministério Público fazem do empresário o “testa de ferro” do antigo governante socialista.

Sócrates, que esteve preso preventivamente e em prisão domiciliária, está acusado de 31 crimes económico-financeiros. O antigo líder socialista foi acusado pelo Ministério Público da alegada prática de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 crimes de branqueamento de capitais, nove crimes de falsificação de documento e três crimes de fraude fiscal qualificada, no âmbito da Operação Marquês.

Para o MP, Sócrates recebeu, entre 2006 e 2015, um total de 34 milhões de euros, a troco de favorecimento a interesses do Grupo Espírito Santo, na concessão de financiamento por parte do banco público ao empreendimento Vale do Lobo e ao Grupo Lena, dinheiro esse que terá sido movimentado por contas de Carlos Santos Silva.

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