A empresa em causa é a Gesticopter, com sede em Monfortinho, distrito de Castelo Branco.

Em declarações à SIC Notícias, que avançou esta informação, o ministro da Presidência confirma ter conhecimento de que uma empresa com ligações à família concorreu a concursos públicos na área do combate aos incêndios e que, por essa razão, pediu escusa em Conselho de Ministros quando fossem discutidas pastas relacionadas.

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Leitão Amaro diz que os esclarecimentos estão disponíveis numa declaração de abril, depois de uma reunião do Conselho de Ministros onde esclarece as ligações a esta empresa.

No briefing desse Conselho de Ministros, o Ministro da Presidência é questionado acerca dos meios aéreos e avisa os jornalistas que não iria responder à questão.

"Uma vez que desde que, no final do ano passado se iniciaram processos concursais relativamente a meios aéreos - seja do INEM, seja do dispositivo de combate a incêndios - pedi escusa de qualquer envolvimento no processo. Tenho um familiar relacionado, que quando os concursos iniciaram me comunicou que estaria a pensar participar nos procedimentos concursais e eu, naturalmente, a partir desse momento, não tenho nenhum contacto. Ccomuniquei aos meus colegas de Governo e não tenho nenhum contacto, não emito nenhuma opinião, nenhum juízo. Como falar a partir daqui, também significa participar no processo de comunicação política sobre meios aéreos, eu não quero dizer nada sobre nada sobre o processo de meios aéreos. E, obviamente, não participo em nenhuma decisão, em nenhum processo interno, em nenhum processo externo, em nenhum processo decisório. E também não participo, naturalmente, na comunicação do Governo sobre o assunto e remeto para o Ministério da Administração Interna quaisquer respostas sobre a matéria."

Recorde-se que comunicado a PJ esclareceu que as investigações estão a ser feitas através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, em inquérito titulado pelo DCIAP. Foram desencadeados o cumprimento a 28 mandados de busca e apreensão em domicílios, sedes de sociedades comerciais e de contabilidade e, ainda, em organismos públicos, nos distritos de Lisboa, Beja, Faro, Castelo Branco, Porto e Bragança.

"Em causa estão factos suscetíveis de integrar os crimes corrupção ativa e passiva, burla qualificada, abuso de poder, tráfico de influência, associação criminosa e de fraude fiscal qualificada, através de uma complexa relação, estabelecida pelo menos desde 2022, entre várias sociedades comerciais, sediadas em Portugal, e que têm vindo a controlar a participação nos concursos públicos no âmbito do combate aos incêndios rurais em Portugal, no valor de cerca de 100 milhões de euros", refere a autoridade.

"Estes concursos públicos incidem na aquisição de serviços de operação, manutenção e gestão da aeronavegabilidade dos meios aéreos próprios do Estado, dedicados exclusivamente ao Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR), com a intenção de que o Estado português fique com carência de meios aéreos e, dessa forma, se sujeite aos subsequentes preços mais elevados destas sociedades comerciais", acrescentam.

Na operação participaram 140 inspetores e 45 especialistas de polícia científica da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística e da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática da PJ, além da participação de sete magistrados do Ministério Público, cinco elementos do Núcleo de Apoio Técnico da PGR e cinco elementos da Autoridade da Concorrência. As investigações irão agora continuar.

Entretanto, já ao fim da manhã, a Força Aérea confirmou, em comunicado, que elementos do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Ministério Público se encontram nas instalações do Estado-Maior da Força Aérea, em Alfragide. Dizem ainda que "desde o primeiro momento, a Força Aérea está a colaborar ativamente com o DCIAP, promovendo todo o apoio às necessárias diligências".