"Nós vamos estar à altura da situação, mas [Pedro Sánchez] não quis saber de nós, tomou a sua decisão", lamentou o líder do PP, Pablo Casado, concluindo que "é óbvio que [Sánchez] fecha a porta com estrondo a qualquer colaboração com o PP".
Numa conferência de imprensa em Madrid, depois do Comité Executivo Nacional do partido, após tomar conhecimento da assinatura de um acordo preliminar de coligação governamental entre o PSOE e o Unidas Podemos, Casado reiterou que o PP não irá facilitar a investidura de Sánchez, porque os seus programas "são incompatíveis".não
Por seu lado, o presidente do Vox (Extrema-direita), o terceiro maior partido espanhol depois das eleições de domingo, assegurou que, com o pré-acordo governamental alcançado, "o PSOE abraça o comunismo bolivariano, os aliados de um golpe de Estado no meio de um golpe de Estado”.
Numa mensagem na rede social Twitter, Santiago Abascal também enfatizou que o seu partido fará com que o primeiro-ministro em exercício e líder do PSOE seja "responsável por qualquer dano que causem à coexistência".
O Cidadãos (direita liberal) anunciou que não irá apoiar o acordo de coligação, porque o considera "nefasto" e contrário aos interesses da maioria dos espanhóis, tendo apelado à responsabilidade do PSOE e do PP para chegarem a um acordo "moderado" com o seu partido.
"Há dois dias [os socialistas] não podiam dormir com o Podemos e agora vão viver juntos", considerou o Cidadãos em comunicado.
Por outro lado, o líder do novo partido Mais País, Ínigo Errejón, felicitou-se pelo pré-acordo entre o PSOE e o Podemos e sublinhou que o seu partido irá trabalhar para que haja uma maioria que apoie o futuro executivo.
Os espanhóis deram "uma segunda oportunidade a um governo progressista para fazer um país mais justo" e "esse mandato deve ser cumprido", escreveu Errejon numa mensagem no Twitter.
Os líderes do PSOE (socialistas) e do Unidas Podemos (extrema-esquerda), Pedro Sánchez e Pablo Iglesias, assinaram hoje, em Madrid, um pré-acordo para a formação de um Governo de coligação “progressista”.
"Os espanhóis falaram e cabe aos partidos responder à sua vontade", disse Pedro Sánchez depois de assinar o documento, enquanto Pablo Iglesias realçou a honra que constitui para a sua formação fazer parte do Governo.
Depois da assinatura, os dois líderes afirmaram que agora vão tentar ter o apoio de outros partidos no parlamento, necessário à obtenção de uma maioria parlamentar que garanta a investidura do futuro executivo.
PSOE e Unidas Podemos somam 155 deputados num total de 350 e o novo primeiro-ministro, para ser investido à primeira volta, necessita do apoio de metade, 175, ou numa segunda volta apenas da maioria simples.
Segundo fontes dos dois partidos, o acordo, que prevê a continuação de Pedro Sánchez como presidente do governo, terá Pablo Iglesias como vice-presidente, embora a distribuição de nomes e lugares só venha a ser decidida definitivamente depois de aprovado um programa do governo.
O pré-acordo assinado contém apenas um programa de base com dez linhas de ação principais, que incluem uma melhoria do emprego; a proteção dos sistemas de saúde, de educação e das pensões; a garantia do direito à habitação; a luta contra as alterações climáticas; a igualdade das mulheres e o alargamento dos direitos sociais.
O PSOE ganhou as eleições legislativas de domingo, mas sem maioria absoluta e mais fraco que anteriormente.
Na consulta eleitoral de 10 de novembro, o PSOE teve 28,0% dos votos (120 deputados), seguidos pelo PP com 20,8% (88), o Vox com 15,1% (52), o Unidas Podemos com 12,8% (35), o Cidadãos com 6,8% (10).
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