O documento foi aprovado com os votos a favor do PS, BE (que tem um acordo de governação da cidade) e PCP e contra do CDS-PP e do PSD.

Falando na reunião pública da Câmara de Lisboa, a decorrer hoje no Paços do Concelho, o vereador do PSD João Pedro Costa defendeu que o local escolhido para homenagear o escritor português “manifesta um substancial desrespeito pela história e memória da cidade”.

Entendendo que o “topónimo Campo das Cebolas remonta a tempos memoriais”, o social-democrata sublinhou que José Saramago “merece uma grande distinção na cidade”, num outro local, “que seja todos os dias (…) conhecido pelo seu nome”.

O vereador João Gonçalves Pereira, do CDS-PP, acrescentou que o nome do escritor, que ganhou o Premio Nobel da Literatura há 20 anos, deveria ser associado a “um equipamento cultural ou a um equipamento educativo”.

Em resposta, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina (PS), explicou que aquele espaço não está formalmente registado como Campo das Cebolas, apesar de as pessoas assim o denominarem.

O espaço que ficará agora conhecido como Largo José Saramago, em frente à Casa dos Bicos, não tinha placa toponímica, esclareceu a Câmara de Lisboa, acrescentando que a designação de Campo das Cebolas se aplica apenas a uma parte do terreno que foi intervencionado no ano passado, junto à rua do Cais de Santarém.

“Esta zona a poente não é formalmente Campo das Cebolas”, reforçou o autarca.

O chefe do executivo camarário lisboeta argumentou que vários locais da cidade têm uma duplicidade de nomes e que a distinção tem vindo “a ser trabalhada há muito tempo com os familiares de José Saramago” e com a própria Fundação.

Ana Jara, do PCP, considerou que é “uma forma positiva de homenagear José Saramago no sítio onde se encontra a oliveira” proveniente da sua terra.

A proposta, à qual a agência Lusa teve acesso, é assinada pela vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto (PS), e tem por objetivo homenagear o escritor, que ganhou o Prémio Nobel da Literatura há 20 anos.

O nome de José Saramago, falecido em 2010, deverá ser atribuído ao largo entre a Avenida Infante Dom Henrique e a Rua dos Bacalhoeiros, junto à sede da fundação com o seu nome.

Na placa deverá ler-se “Largo José Saramago, Escritor, Prémio Nobel, 1922-2010”.

A proposta assinala que Saramago “deixou uma notável e singular obra literária”, que foi traduzida para diversas línguas.

No documento, Catarina Vaz Pinto aponta que “José Saramago produziu uma vasta obra literária que, além de romances, inclui contos, crónicas, diários, literatura de viagens, literatura infantil, peças teatrais, poesia”.

Também é referido que a capital portuguesa “acolhe a fundação com o seu nome, na Casa dos Bicos, desde 2012”.

“José Saramago é, desde 1998, o único Prémio Nobel da Literatura portuguesa e o segundo Prémio Nobel do nosso país, além de ser uma personalidade de enorme dimensão intelectual, artística e humana que, pela sua escrita, granjeou dez prémios em Portugal, quatro em Itália e um em Inglaterra, para além dos doutoramentos honoris causa das Universidades de Sevilha, Turim e Manchester, e da condecoração como Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras Francesas, em 1991”, justifica a vereadora.

A Comissão Municipal de Toponímia deu parecer favorável a esta homenagem em 09 de novembro, e também a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, onde se localiza o largo, “manifestou a sua total concordância”, é apontado.