“Neste momento a situação é de caos total no hospital de Gaia. A chamada produção adicional em cirurgia, onde se operam dezenas ou centenas de doentes, foi fechada. Neste momento há dezenas de cirurgias adiadas, muitas da área oncológica em várias especialidades”, afirmou o bastonário Miguel Guimarães à agência Lusa.
O responsável diz ter conversado com vários médicos e até enfermeiros do hospital de Gaia e considera a situação da unidade como dramática.
Miguel Guimarães recordou que o hospital de Gaia foi um dos mais afetados em dezembro e janeiro, durante o período de maior atividade gripal, tendo acabado por conseguir abrir 19 camas adicionais no âmbito do plano de contingência.
“O Ministério da Saúde, mais uma vez, fechou as 19 camas essenciais e despediu os enfermeiros e os assistentes operacionais. Hoje de manhã, 38 doentes estavam internados em serviço de urgência, alguns em corredores, em salas de observação, em macas. É uma situação caótica. E estão internados na urgência porque não têm camas”, relatou o bastonário.
Segundo Miguel Guimarães, o plano de contingência do hospital poderia funcionar pelo menos até abril, o que incluía essas 19 camas adicionais e os respetivos profissionais, mas as camas foram, entretanto, fechadas.
Além disso, segundo contou à Lusa, terminou na quinta-feira o alargamento dos horários dos centros de saúde da zona até às 23:00.
“Os efeitos já se notam. Andam a brincar com os doentes. O serviço de urgência continua cheio de macas”, disse.
Com a urgência cheia, há repercussões ao nível do resto do hospital, como o encerramento dos blocos de cirurgia de produção adicional, por falta de camas para internar os doentes. A produção acrescida engloba as várias especialidades e faz parte da produção hospitalar, mas é feita num tempo extra além da produção normal do hospital e do profissional de saúde.
Miguel Guimarães afirma que o caso do hospital de Gaia o “choca particularmente”, porque o ministro da Saúde “sabe do que se está a passar, tem responsabilidade direta”.
“Já lho comuniquei pessoalmente e por escrito”, indicou o bastonário à Lusa, considerando que têm de ser assumidas responsabilidades por algo que possa acontecer aos doentes.
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