“A vacina construída e encontrada pelas farmacêuticas não foi exclusivamente com dinheiro privado. Foi com dinheiro de todos nós. Todos os estados contribuíram com uma grande parte do financiamento para que estas vacinas pudessem existir hoje e estarem a ser administradas à população”, disse Ana Rita Cavaco, durante uma visita a um centro de vacinação em Coimbra.
Para a bastonária, “fazia todo o sentido que se avançasse com o levantamento de patentes”, salientando que essa medida poderá ser essencial para os países mais pobres.
“Se não forem os mais ricos a ajudar a terem vacinas, vamos ter um fosso ainda maior entre aqueles que têm acesso à saúde e acesso a determinados medicamentos e os que não têm e vamos assistir, como já está a acontecer em países onde não estão a chegar vacinas por causa do dinheiro, crises relativamente à pandemia muito graves e que custam vidas”, frisou.
Para Ana Rita Cavaco, o Governo português deveria ter uma postura clara e “forte” relativamente a este assunto e não ter uma política “de mão estendida”, que considera que também aconteceu com a negociação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) na área da saúde.
Na quarta-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que apoiava a suspensão das patentes das vacinas contra a covid-19, uma proposta que tinha sido inicialmente avançada pela Índia e pela África do Sul na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Ainda que políticos europeus como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ou o Presidente francês, Emmanuel Macron, se tenham mostrado disponíveis para debater a proposta, o governo alemão já se opôs à ideia, assinalando que “o fator limitativo na fabricação de vacinas é a capacidade de produção e os elevados padrões de qualidade, não as patentes”.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro, António Costa, considerou “injustas” as teses que culpam a Alemanha pela posição menos aberta da União Europeia face ao levantamento das patentes das vacinas contra a covid-19, salientando que a maioria dos Estados-membros segue idêntica linha.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.306.037 mortos no mundo, resultantes de mais de 158,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.993 pessoas dos 839.740 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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