No oficio com data de terça-feira e hoje divulgado, a Ordem dos Enfermeiros (OE) pede a Marcelo Rebelo de Sousa a sua intervenção na campanha de vacinação contra a covid-19, “numa altura em que não estão vacinados todos os profissionais de saúde, ao mesmo tempo que, como é do conhecimento público, há autarcas a contornarem o plano para se vacinarem antecipadamente”.
A Ordem do Enfermeiros ressalva que “não discute a vacinação das mais altas figuras do Estado, a par dos grupos prioritários, mas está frontalmente contra a inclusão, nesta fase, de autarcas ou outros titulares de cargos públicos que não sejam as mais altas figuras do Estado Português nos grupos prioritários”.
Isto, sustenta, “quando há pouquíssimos enfermeiros dos cuidados de saúde primários vacinados, já para não falar dos enfermeiros do setor privado”.
“Seguramente, é do conhecimento de V.Exa. que alguns autarcas e outros sem direito a vacinação prioritária, numa atitude indigna e vergonhosa, numa altura tão difícil para todos nós, aceitaram um esquema para se poderem vacinar antes do tempo”, escreve a OE no ofício.
Recorda também que ainda nem teve início a vacinação dos bombeiros, que são responsáveis por cerca de 90% do transporte em emergência extra-hospitalar.
Além disso, diz a OE, os estudantes de enfermagem em ensino clínico e em contacto direto com doentes covid-19 não estão incluídos em qualquer grupo prioritário de vacinação, apesar de a Ordem ter proposto e reiterado junto das autoridades de Saúde.
No ofício remetido ao chefe de Estado, a OE lembra também ter proposto “a criação e a gestão de centros de vacinação, com enfermeiros, fora do horário de funcionamento dos cuidados de saúde primários, para os quais continuam disponíveis membros de órgãos executivos da OE a título pró-bono”.
A administração de vacinas contra a covid-19 aos titulares de órgãos de soberania vai começar na próxima semana, confirmou na segunda-feira a ministra da Saúde, Marta Temido, após uma reunião com a ‘taskforce’ coordenadora do plano de vacinação.
Os autarcas vão também estar envolvidos no lote de titulares de órgãos de soberania a vacinar, não se restringindo aos cargos mais altos do país, como o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República ou o primeiro-ministro.
Desde o início da vacinação, a 27 de dezembro, já foram realizadas mais de 255 mil inoculações em Portugal, nomeadamente a profissionais de saúde e utentes e funcionários de lares.
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