Em entrevista à agência Lusa, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, insiste que os médicos do Garcia de Orta, em Almada, distrito de Setúbal, “estão desesperados” com a falta de profissionais, situação que está a fazer com que não seja possível cobrir as necessidades da urgência pediátrica.
Já há dois meses que o bastonário Miguel Guimarães tem alertado para a falta de condições de segurança clínica adequadas naquela urgência e lembra que “está em causa a saúde das crianças” e a composição do serviço de urgência, “tal como estabelece a lei”.
“Não existem médicos para cobrir as necessidades do serviço de urgência. E o presidente do conselho de administração diz publicamente coisas que não são verdade”, lamenta o bastonário, referindo-se ao facto de o responsável do Garcia de Orta ter afirmado que tinha as escalas da urgência pediátrica todas preenchidas “num momento em que não estavam”.
A queixa à Inspeção-geral das Atividades em Saúde (IGAS) visa, segundo o bastonário, que se “investigue o que está a acontecer na urgência pediátrica” do Garcia de Orta.
“Se devem estar três médicos de urgência e só está um médico, tem de se perceber porquê. E o conselho de administração tem de ser responsabilizado diretamente por isso”, argumenta Miguel Guimarães, frisando que é preciso atuar quando as escalas das equipas de urgência não são cumpridas.
O bastonário lamenta que os problemas sejam levantados sem que nada seja resolvido e entende que está na altura de começar a responsabilizar publicamente quem tem competências nas matérias da Saúde, como o Ministério, nomeadamente através das “instâncias competentes”, como a IGAS ou os tribunais.
Apesar de considerar que a Inspeção tem tido uma atitude “que deixa muito a desejar” quando o Estado está envolvido, Miguel Guimarães diz esperar que “faça alguma coisa” em relação à urgência pediátrica do Garcia de Orta.
Sobre as equipas que devem estar devidamente constituídas nas urgências, o bastonário anuncia que já pediu aos colégios das várias especialidades para redefinirem essas equipas tipo.
“As equipas tipo, em muitos hospitais, não são cumpridas em serviço de urgência. Por isso decidimos fazer uma reavaliação e iremos publicá-la em regulamento e assim passam a ter existência legal atualizada aos dias de hoje, tendo de ser cumpridas pelos hospitais públicos ou privados”, explicou.
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