Segundo noticia hoje o Correio da Manhã, a médica, de 65 anos, foi esbofeteada e espancada, e teve que ser operada a um olho, depois de ter sido agredida por uma mulher de 25 anos, que ficou em liberdade apesar de ter espancado violentamente a médica que a atendeu na Urgência do Hospital de São Bernardo, Setúbal.
A agressão, de acordo com o jornal, resultou do facto da médica ter informado a agressora de que não estava grávida e que, por isso, poderia aguardar pelo exame na sala de espera.
Em comunicado, a Ordem dos Médicos reage ao sucedido e considera a ocorrência "absolutamente inaceitável", lembra que configura crime público e pede intervenção urgente das entidades governamentais e judiciárias.
“A nossa primeira palavra de solidariedade é para com a nossa colega violentada em pleno local de trabalho. Não é de todo aceitável que quem está a salvar vidas não veja a sua própria vida devidamente protegida”, refere o bastonário da OM, Miguel Guimarães.
A OM alerta que os casos de violência contra profissionais de saúde estão a aumentar e lamenta que "este aumento exponencial da violência seja mais um sinal de que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não está bem".
"Este tipo de agressões vem mais uma vez revelar a fragilidade da política autoritária que está a ser seguida pelo Ministério da Saúde. Na verdade, a falta de um plano estruturado para a saúde que inclua as reformas essenciais e um investimento sério na saúde das pessoas, mas também nos profissionais que todos os dias fazem o SNS, está a resultar numa desestruturação do próprio serviço público com taxas cada vez mais elevadas de abandono, de absentismo, de sofrimento ético, de 'burnout' e de violência física e psicológica", adverte a OM.
A OM pede também uma intervenção "mais assertiva das autoridades judiciais nestes casos e que o Ministério da Saúde tenha uma intervenção rápida e urgente", com medidas e políticas concretas que permitam prevenir este tipo de situações e devolver aos profissionais e aos utentes "um SNS em que o respeito, a confiança, a segurança e a qualidade imperem em todas as suas vertentes".
“Corremos o risco de termos cada vez menos profissionais disponíveis para trabalhar em contextos exigentes como o serviço de urgência”, aponta Miguel Guimarães, lembrando que “a qualidade e a segurança clínica também podem ser afetadas pelos contextos de pressão excessiva".
A OM vai também exigir responsabilidades ao Conselho de Administração do Hospital de Setúbal, dar todo o apoio à médica agredida e prevenir todos os médicos que não devem trabalhar sem as as condições adequadas, designadamente aquelas que não garantem segurança clínica e segurança física.
O aumento dos casos de violência e de 'burnout' levou a OM a criar em maio o Gabinete Nacional de Apoio ao Médico.
Em comunicado, a Lista A, candidata à secção regional Sul da Ordem dos Médicos, refere que o Conselho de Administração (CA) do Hospital de S. Bernardo deve ser demitido, uma vez que " falhou em garantir condições de segurança e falhou ao desresponsabilizar-se", pode ler-se.
É ainda referido que "a agressão não é e nem devia ser um risco profissional, até pelas características da relação médico-doente".
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