Em conferência de imprensa, na sede da ONU, o Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), a Amnistia Internacional, a Human Rights Watch e os Repórteres Sem Fronteiras encorajaram a Turquia a pedir ao secretário-geral da ONU, António Guterres, “uma investigação transparente”.
“O envolvimento da ONU é a melhor garantia contra uma lavagem saudita ou contra a tentativa de outros governos de varrerem a questão para preservarem laços comerciais lucrativos com Riade”, sublinhou Robert Mahoney, vice-diretor executivo do CPJ.
O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, afirmou que Guterres “continua muito preocupado com o destino de Khashoggi”, mas que, “por uma questão de princípio, o secretário-geral [só] vai ordenar uma investigação se todos os membros o pedirem”.
Para as quatro organizações, uma investigação internacional é determinante para investigar o papel da Arábia Saudita e procurar identificar todos os responsáveis pelo desaparecimento de Khashoggi.
O jornalista saudita Jamal Khashoggi, que estava exilado nos Estados Unidos desde 2017 e era um reconhecido crítico do poder em Riade, desapareceu no passado dia 02 de outubro depois de ter entrado no consulado saudita em Istambul, Turquia, para tratar de questões administrativas.
O jornalista não foi visto desde então.
Na quarta-feira, um jornal turco pró-governamental revelou ter gravações de áudio realizadas no interior do consulado, avançando que Jamal Khashoggi, colaborador do jornal norte-americano The Washington Post, tinha sido torturado e desmembrado por agentes sauditas.
A Arábia Saudita nega qualquer envolvimento no desaparecimento do jornalista, adiantando que ele deixou a missão diplomática pelo próprio pé. No entanto, Riade não apresentou qualquer prova que sustente tal teoria.
Nos últimos dias, vários ministros e personalidades do circuito económico-financeiro internacional cancelaram a participação num fórum económico agendado para Riade para a próxima semana, expressando a sua preocupação sobre os contornos do desaparecimento do jornalista.
A conferência em questão é organizada pelo fundo soberano saudita e pretende ser uma montra das reformas económicas impulsionadas pelo jovem príncipe herdeiro Mohammed ben Salmane, o atual homem forte de Riade.
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