Quem era Alfred Nobel?
Nascido em Estocolmo em outubro de 1833, Alfred Bernhard Nobel provinha de uma família abastada que começou na Suécia, mas passou pela Finlândia e Rússia depois de empresa do pai ter falido.
A mãe abriu uma mercearia para ganhar algum dinheiro e quando o marido obteve sucesso na indústria de equipamentos para o exército russo, mudaram-se para São Petersburgo, onde Alfred e os irmãos fizeram os seus estudos.
Era apaixonado pela literatura inglesa, escrevendo frequentemente poemas, mas interessava-se sobretudo pela química, o que o levou a estudar em vários países. Em Paris, conheceu o jovem químico italiano Ascanio Sobrero, que três anos antes tinha inventado a nitroglicerina e esse acontecimento fascinou Nobel devido ao seu potencial na engenharia civil.
Em 1863, regressou à Suécia para desenvolver a nitroglicerina como explosivo, tendo conseguido tornar a substância numa pasta moldável chamada dinamite. Foi também o inventor da borracha sintética.
Não se chegou a casar, mas tinha uma amiga, Bertha Kinsky, que lhe transmitiu ideais pacifistas.
Morreu de hemorragia cerebral, em 10 de dezembro de 1896, na Itália, deixando um testamento com a indicação de que fossem criados prémios anuais para as pessoas que mais tivessem contribuído para o desenvolvimento da Humanidade.
Quem escolhe os candidatos?
Os nomeados para os prémios da Física, da Química e da Medicina podem ser apontados por membros da Academia Real de Ciências da Suécia ou pelo Instituto Karolinska (no caso da medicina), por antigos laureados, por professores de universidades selecionadas pelo Comité do Nobel e por cientistas convidados a dar a sua opinião. Ninguém se pode autonomear.
No caso da Literatura, os candidatos também são nomeados pela Academia Sueca e outras academias e institutos com propósitos semelhantes e por presidentes de sociedades de autor.
Os nomeados para o prémio Nobel da Paz são avançados por membros de parlamentos nacionais e governos nacionais, do Tribunal Internacional da Justiça, do Instituto do Direito Internacional, da Liga das Mulheres e da Liga para a Paz e Liberdade, além de professores universitários, antigos laureados e membros do Comité do Nobel da Noruega.
Como são escolhidos os nomeados?
Em setembro de cada ano, o Comité do Nobel envia formulários a cerca de 3.000 pessoas e organizações com capacidade para nomear, sendo que os nomes têm de ser apresentados até 31 de janeiro.
Entre março e maio, é feita uma consulta com especialistas e conselheiros internacionais das várias áreas e, entre junho e agosto, o Comité submete as suas recomendações à Academia sueca.
Em outubro, são escolhidos e anunciados os laureados que depois recebem os seus prémios numa cerimónia realizada sempre a 10 de dezembro, data da morte de Alfred Nobel.
Quem é que já recusou o prémio?
Os vencedores dos prémios Nobel são frequentemente designados como laureados, por receberem uma coroa de louros.
Só duas pessoas recusaram receber os seus Nobel: Jean-Paul Sartre, agraciado com o Nobel de Literatura em 1964, porque havia recusado todas as honras oficiais; e Le Duc Tho, vencedor do Nobel da Paz em 1973, em conjunto com o secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, pelo acordo de paz no Vietname. Le Duc Tho recusou argumentando com a então situação no Vietname.
No entanto, houve outros quatro vencedores que foram forçados pelas autoridades a recusar o Nobel. Adolf Hitler proibiu três alemães - Richard Kuhn, Adolf Butenandt e Gerhard Domagk - de aceitar o prémio, tendo todos recebido o diploma e a medalha, mas não o valor monetário.
O soviético Boris Pasternak, Nobel de Literatura em 1958, aceitou inicialmente o prémio, mas foi depois coagido pelas autoridades da União Soviética a recusar.
Quantas mulheres e quais os vencedores mais novos e mais velhos premiados?
Entre 1901 e 2018, o prémio Nobel e o prémio de Ciências Económicas foram concedidos 52 vezes a mulheres.
A vencedora mais nova de sempre foi a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, que recebeu o prémio Nobel da Paz aos 17 anos, em 2014.
Malala foi laureada pela defesa dos direitos humanos das mulheres e do acesso à educação no nordeste do Paquistão, onde os talibãs locais impedem as jovens de frequentar a escola.
O vencedor mais velho foi Arthur Ashkin, que recebeu o Nobel da Física aos 96 anos, em 2018.
O cientista norte-americano foi considerado como o pai das pinças óticas, que usam luz laser para aprisionar e manipular partículas, átomos, vírus e outras células vivas.
Qual a família veterana dos prémios?
A história da família francesa Curie mistura-se com a dos prémios Nobel. Em 1903, o casal Pierre e Marie Curie foi premiado com o Nobel da Física e, em 1911, Marie Curie (nascida Sklodowska) recebe o prémio de Química, o que a torna a única mulher a ter recebido duas vezes um Nobel.
Em 1935, a sua filha, Irène Joliot-Curie, e o marido desta, Frédéric Joliot, receberam o prémio de Química, e a irmã mais nova de Irene, Eve Curie, casou-se com Henry Richardson Labouisse que, recebeu o Nobel da Paz em 1965 enquanto diretor da Unicef.
Esta foi a família com mais membros ligados aos Nobel, mas houve outros casais premiados. Em 1974, o sueco Gunnar Myrdal recebeu o prémio de Economia e, oito anos depois, a sua mulher, Alva, o da Paz. Pais e filhos também inscreveram os seus nomes na história do Nobel, como foi o caso dos Bohr: Niels, o pai, recebeu o prémio de Física em 1922, e Aage Niels, o filho, em 1975.
Quem é que não compareceu à cerimónia?
Desde 1901, cinco laureados da Paz não puderam comparecer à cerimónia do Prémio Nobel da Paz, realizada anualmente em Oslo.
O primeiro ausente foi o jornalista e pacifista alemão Carl von Ossietzky, que venceu o prémio de 1936, altura em que estava preso num campo de concentração nazi.
Em 1975, o físico e dissidente soviético Andrei Sakharov não esteve presente na cerimónia devido ao perigo de sofrer represálias, e foi substituído pela sua mulher, Elena Bonner.
Em 1983, o sindicalista polaco Lech Walesa, depois Presidente daquele país, decidiu não viajar para Oslo com medo de não poder voltar ao seu país.
Em prisão domiciliar, a líder da oposição birmanesa Aung San Suu Kyi, laureada em 1991, foi autorizada pela junta militar a ir a Oslo, mas decidiu não ir, também com medo de não conseguir voltar.
Por último, em 2010, o dissidente chinês Liu Xiaobo não esteve presente na cerimónia porque estava preso. A sua cadeira, na qual o valor do prémio foi depositado, foi deixada simbolicamente vazia.
Quais foram os prémios atribuídos postumamente?
A partir de 1974, os estatutos da Fundação Nobel deixaram de permitir a atribuição de um prémio postumamente, a menos que a morte ocorra após o anúncio do nome do vencedor.
Antes àquele ano, duas figuras desaparecidas, ambas suecas, tinham sido premiadas após a sua morte: o diplomata Dag Hammarskjöld (prémio da Paz em 1961) e o poeta Erik Axel Karlfeldt (Literatura, em 1931).
Em 2011, no entanto, aconteceu um episódio inesperado que levou a nova concessão póstuma de um prémio. Depois de anunciado o prémio de Medicina, o comité do Instituto Karolinska descobriu que o vencedor, o canadiano Ralph Steinman, tinha morrido três dias antes. A Fundação decidiu manter a decisão e gravou o seu nome na prestigiada lista de laureados.
Quantos portugueses foram nomeados e quantos já receberam um Nobel?
Até 1966 – os nomeados para os prémios só são revelados pela Academia ao fim de 50 anos, pelo que só há informação oficial até esse ano - os portugueses foram candidatos a mais de 60 prémios Nobel, mas só dois o receberam: Egas Moniz e José Saramago.
O neurologista Egas Moniz recebeu o prémio da medicina em 1949, em conjunto com o fisiologista suíço Walter Rudolf Hess.
O galardão foi atribuído pelo desenvolvimento da técnica da leucotomia pré-frontal, que permitiu uma vida mais fácil a quem sofre de doenças como a esquizofrenia.
O segundo vencedor português foi o escritor José Saramago, que recebeu o prémio de Literatura em 1998 por obras como “Memorial do Convento”, “Ensaio sobre a Cegueira” ou “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”.
Sete anos antes de receber o prémio, Saramago e a sua mulher, Pilar, tinham-se mudado para Lanzarote, em Espanha, devido à reação da Igreja Católica ao seu romance “Evangelho de Jesus Cristo”, cuja candidatura ao Prémio Literário Europeu foi recusada.
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