
Dotado de 200 mil euros pela Fundação Simone e pela Cino Del Duca (editora franco-italiana), o prémio presta homenagem "à força" do escritor que, além das fronteiras e da censura, continua a fazer ouvir uma voz livre e profundamente humanista.
Premiado pelo conjunto da obra, Boualem Sansal, junta-se, no mesmo prémio, a autores como Andrei Sakharov, Léopold Sédar Senghor, Jorge Luis Borges, Milan Kundera e Kamel Daoud.
Boualem Sansal, 80 anos, nascido na Argélia, estreou-se na literatura com "Le Serment des Barbares", em 1999, no qual descreve a influência crescente dos fundamentalistas numa sociedade argelina marcada pela violência, o medo e a corrupção.
O primeiro romance foi bem recebido em França, mas na Argélia, onde a divulgação da literatura em língua francesa está a diminuir, Boualem Sansal continua a ser pouco conhecido do grande público.
Entre as obras publicadas contam-se "Le Village de l'Allemand", censurado na Argélia por estabelecer um paralelo entre o islamismo e o nazismo, e "Rue Darwin".
Em 2013, a Academia Francesa atribuiu a Sansal o Grande Prémio da Francofonia.
Em 2015, foi-lhe atribuído o Grande Prémio do Romance pela obra "2084", inspirada no livro do britânico George Orwell "1984".
O livro "2084" encontra-se publicado em Portugal.
O escritor franco-argelino está preso na Argélia desde novembro de 2024, após ter sido detido no aeroporto de Argel.
Sansal, foi condenado a 27 de março a cinco anos de prisão por uma entrevista publicada em França em que afirmava que a Argélia tinha anexado territórios que pertenciam a Marrocos durante a colonização francesa.
O julgamento do recurso apresentado pelo advogado de defesa está previsto para 24 de junho sendo que o caso agravou as tensões diplomáticas entre a Argélia e a França.
Argel considera que a justiça seguiu o curso normal, enquanto Paris apela a um "gesto de humanidade" em relação ao escritor que sofre de cancro.
Os pormenores da cerimónia de entrega do prémio ainda não foram definidos.
Por outro lado, desde o verão de 2024, a Argélia e a França enfrentam uma crise diplomática considerada uma das mais graves desde a independência da Argélia em 1962.
Esta crise tem sido marcada pelo congelamento de toda a cooperação entre os dois países e, recentemente, por uma nova série de expulsões de funcionários de ambas as partes.
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