Segundo Adriano Vasconcelos, os dois filhos, um de 17 e outro de 19 anos, ambos finalistas da Escola Secundária da Maia, foram nesta viagem com um pacote de tudo incluído a um custo de 550 euros cada e durante a estada a unidade hoteleira Camino Real falhou quer ao nível da alimentação, quer ao nível da higiene.
“Ao segundo dia fecharam o bar e, ao contrário do que dizem, os miúdos só tinham acesso a uma bebida cada, a alimentação era racionada não tendo os estudantes direito a repetir a refeição, as tolhas das casas de banho não eram trocadas, nem houve reposição de papel higiénico e muitas vezes tiveram de tomar banho de água fria”, disse.
Adriano Vasconcelos disse ainda que os pais não foram contactados por nenhuma autoridade local, que o hotel expulsou os jovens ficando com os 50 euros de caução que cada um foi obrigado a depositar no dia em que entraram, no dia 2 de abril.
Durante este período, adiantou, os jovens pediram o livro de reclamações tendo-lhes sido negado.
“O dono da agência de viagens esteve no hotel a tentar resolver os incumprimentos por parte da unidade hoteleira e chamou a polícia para que os jovens pudessem ter acesso ao livro de reclamações”, disse.
Este pai disse ainda que os relatos dos filhos coincidem com os de outras dezenas de jovens da mesma escola que regressaram hoje de Torremolinos.
“Falei com vários miúdos e nenhum me relatou o que tem sido falado. Dizem-me que viram apenas uma parede pintada e um extintor com o vidro partido”, disse.
Questionado sobre o consumo de álcool, Adriano Vasconcelos explicou que o filho de 17 anos, menor, foi para a viagem com uma pulseira dourada (sem acesso ao álcool) e o de 19 anos com pulseira vermelha (acesso a álcool).
O hotel onde estava alojado um grupo de cerca 800 estudantes portugueses do ensino secundário confirmou no sábado que expulsou os jovens por danos e vandalismo nos últimos dias.
Entretanto a Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) alertou hoje as famílias para a importância de conhecerem as condições contratuais das viagens de finalistas quando assinam um termo de responsabilidade pelos filhos.
O dirigente da CONFAP alertou também para os riscos de fazer uma generalização do comportamento dos cerca de mil estudantes portugueses que regressaram a Portugal este fim-de-semana após alegados desacatos num hotel em que se encontravam em Espanha.
“Tanto quanto sabemos, terá sido uma dezena de jovens a ter comportamentos reprováveis”, afirmou Jorge Ascensão, convidando toda a sociedade a refletir sobre o modelo educativo em que assenta hoje a escola.
Na sua opinião, o modelo de educação está demasiado centrado “nas classificações e no acesso ao ensino superior”, pelo que se impõe uma discussão sobre valores e limites que os alunos devem ter quando não estão nas aulas.
Para Jorge Ascensão, os problemas noticiados quase todos os anos com viagens de finalistas são “sinais de alerta” que devem levar a uma reflexão, nomeadamente se faz sentido este tipo de organização no ensino secundário.
O Governo português está também a acompanhar a situação, revelou no sábado à Lusa o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.
“Os nossos serviços consulares já dialogaram com as autoridades [espanholas] e encontram-se a acompanhar a situação”, disse José Luís Carneiro, acrescentando que, de acordo com a informação de que dispunha, os estudantes “encontram-se bem”.
Milhares de estudantes do ensino secundário portugueses estão em várias localidades do sul de Espanha em viagens de finalistas.
Benalmádena, Marina D'Or e Punta da Umbria são alguns dos destinos escolhidos.
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