“Estamos a falar de crianças que estão a estudar em más condições e que quando passam do contentor [sala de aula] para a casa de banho [no edifício principal] ficam todas encharcadas. Convido o senhor presidente [da Câmara] a vir para aqui trabalhar nestas condições”, disse Isabel Ribeiro.

Mãe de uma menina de 7 anos que frequenta o 2.º ano, Isabel descreveu à Lusa as condições do contentor que serve de sala de aulas a quase duas dezenas de alunos.

“Chove e a água passa pelos fios elétricos. A professora ou tem luz ou Internet. Chamam a Câmara e lá vem alguém meter fita-cola no quadro, mas isto não é solução e é muito perigoso”, descreveu.

O grupo de pais decidiu por isso juntar-se hoje junto à escola, onde colocou uma faixa com a frase: “Crianças em perigo”.

Exigem à autarquia de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, uma “solução rápida” para a questão do contentor, mas também para o recreio porque, acrescentou Isabel Ribeiro, “os miúdos não têm espaço para brincar”.

Em resposta, a Câmara de Gaia referiu que para esta escola está em curso um procedimento concursal, no valor de 600 mil euros, que visa concluir as obras.

Isto depois de ter terminado já uma primeira fase de obras no valor de 400 mil euros que deixou para trás “por gestão de recursos”, admite a autarquia, “parte do estaleiro”.

“Percebo que se queira tudo resolvido, mas está a resolver-se. A escola esteve abandonada durante mais de duas décadas e não há nenhuma paragem [na obra]. Há é duas fases, dois procedimentos concursais autónomos. Espero que rapidamente se resolva tudo”, disse o presidente da Câmara, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues.

O autarca nega que tenha sido dada aos pais uma data definitiva para a conclusão das obras, mostrou-se esperançado que o arranque do próximo ano letivo já não tenha obras e lamentou a “trajetora difícil com os empreiteiros na altura da pandemia”.

O Jornal de Notícias noticiou na quinta-feira que nesta escola há crianças que têm aulas em contentores ao som das obras e com água a correr pelos fios das paredes.

Outras das críticas dos pais prendia-se com a rede de vedação da escola.

No mesmo dia, a Câmara de Gaia fez saber que ia vedar a escola para reforçar a segurança.