Este valor equivale a 6,3% do PIB total dos 28 países pertencentes à UE e por esta razão tem suscitado vários apelos para a criação de um grupo de trabalho de forma a reprimir-se a prática de corrupção.

O valor avançado pelo estudo realizado pela RAND Europe para o Parlamento Europeu, de 990 mil milhões de euros, é oito vezes superior aos cálculos que tinham sido feitos anteriormente, uma vez que contabiliza o custo total do problema. O valor inclui os custos indiretos, como por exemplo o investimento que não é feito por empresas, e custos diretos como a perda de receitas fiscais.

"A corrupção impõe custos sociais, políticos e económicos significativos. Não só resulta em enormes quantias de dinheiro que estão a ser perdidas anualmente, como conduz a sociedades mais desiguais, níveis mais elevados de crime organizado, o Estado de direito fica mais fraco e há uma menor confiança nas instituições públicas", explicou Marco Hafner, responsável por este estudo.

O estudo, que define corrupção como o "abuso de poder em benefício pessoal", identifica os países de leste, como a Roménia, a Bulgária ou a Croácia, como os países da UE com maiores índices de corrupção. Estes estão acima da média da UE quando se trata de níveis de corrupção, onde se aponta como principal problema, o pagamento de subornos a funcionários que abusam dos seus poderes para contratos lucrativos de adjudicação.

No lote de países menos corruptos encontram-se o Luxemburgo, a Bélgica, a Suécia ou a Dinamarca. Portugal aparece bem colocado nos três índices analisados, posicionando-se no conjunto de países bem quotados em termos de nível de corrupção, ocupando a 12ª posição em dois índices (índice ICRG, onde surge um pouco abaixo da média, e índice CPI, ligeiramente acima) e ficando em 14º lugar no índice COC (um pouco abaixo da média).

O estudo recomenda várias mudanças que podem conduzir a uma poupança de 70 mil milhões de euros anuais. Nestas recomendações estão o alargamento do Cooperation and Verification Mechanism, que já está a ser usado na Bulgária na Roménia, entre outros países europeus, a criação de um grupo de trabalho para apoiar o trabalho do Gabinete Antifraude da Comissão Europeia, assim como um sistema de aquisição que possa ser partilhada na UE.

Segundo Marco Hafner "medir a corrupção é um desafio, mas o nosso estudo fornece uma das estimativas mais realistas e atuais do seu verdadeiro custo para a Europa como um todo. As nossas recomendações destacam objetivos atingíveis para a UE e os seus Estados-Membros para ajudar a acabar com a corrupção e limitar a quantia de dinheiro perdido a cada ano ".