O palácio funcionou como Tribunal do Trabalho até à década de 1990, tendo depois sido adquirido pela Câmara de Faro, que o cedeu ao Ministério da Justiça para ali ser instalado o Tribunal da Relação de Faro, projeto que nunca saiu do papel.

Agora, apesar de estar nas mãos de privados, parte do edifício vai abrir ao público, pontualmente, para a realização de eventos culturais, explicou João Rodrigues, proprietário da Suburbs, empresa que para ali se vai transferir nos próximos meses.

"Em cada uma das estações do ano vamos ter um ou dois dias com eventos culturais no espaço onde está situada a receção, que podem ser exposições ou concertos de música clássica", exemplificou o empresário, em declarações aos jornalistas, durante uma visita ao imóvel promovida pela Câmara de Faro.

Com dois pisos e um torreão, o edifício, que estava muito degradado, mantém a sua traça original, assim como boa parte dos elementos interiores, nomeadamente janelas, cantarias, portas, pisos em madeira e dois painéis de azulejos, datados de 1916.

Sem querer revelar o valor do investimento, João Rodrigues disse apenas que se tratou de valores "elevados", não só devido ao trabalho de recuperação dos materiais antigos, como à necessidade do reforço estrutural do edifício.

De acordo com o presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau, trata-se de uma obra "muito importante" para a cidade, pois, apesar de o edifício não ter agora uma utilização pública, a sua recuperação manteve a "identidade" do imóvel.

Segundo o autarca, o palácio e o também centenário café Aliança, situado na baixa da cidade e recentemente recuperado, são dois exemplos que contam a história do espaço urbano da cidade.

A obra do palácio Belmarço, que incidiu sobre uma área de 1.000 metros quadrados, demorou aproximadamente um ano, estando agora a ser ultimados os últimos detalhes para que o edifício possa reabrir na primavera.

Ali deverão trabalhar entre 20 e 30 pessoas da empresa Suburbs, que detém a Herdade do Menir, onde é produzido o vinho alentejano Couteiro Mor, entre outros negócios na área do turismo.

Classificado como edifício de interesse público, o palácio foi mandado construir no início do século XX por Manuel Belmarço, um comerciante abastado da cidade, que fez fortuna no Brasil com o comércio de café e cereais.

Em 2006, a autarquia foi informada de que a Direção Geral do Património tinha vendido o imóvel à empresa pública que gere o património imobiliário do Estado (Estamo).

Passados oito anos, em 2014, o palácio acabaria por regressar às mãos de privados, depois de ser vendido em hasta pública à empresa que agora foi responsável por toda a obra de reabilitação.