“Estamos sempre a lutar e não vamos parar, pelo que chamamos o povo português para se solidarizar não só com a causa palestina como para estar contra a decisão do Presidente norte-americano”, disse Anan Tonja, um dos palestinianos responsáveis pela manifestação realizada no Rossio, a que se associou o Comité de Solidariedade com a Palestina e que reuniu quase três centenas de pessoas.

Anan Tonja, que empunhava uma bandeira da Palestina, vincou que os palestinianos estão “a contar que os portugueses, que sempre apoiaram a causa palestiniana, se insurjam” contra a decisão de Donald Trump.

“Queremos uma Palestina livre. Estamos muito surpreendidos por Trump ter reconhecido Jerusalém como capital e os portugueses têm de estar também. Por que Trump não deu Nova Iorque ou Washington para Israel?”, questionou Tonja, um dos organizadores da manifestação convocada através de redes sociais, conjuntamente com Obai Radwan e Manuel Afonso.

Enquanto os manifestantes gritavam frases como “Palestina vencerá!” e “Assassino, assassino” (em referência a Trump), Anan Tonja afirmou que “ninguém vai aceitar” que Jerusalém seja capital de Israel e que a embaixada dos Estados Unidos se transfira para a parte ocidental daquela cidade.

“Nem árabes, nem muçulmanos, nem palestinianos – e também nem os portugueses – devem aceitar esta decisão”, asseverou.

O palestiniano considerou que Donald Trump tomou uma decisão que “prejudica o processo de paz” e provocou que “voltasse a intifada” no recrudescer da violência entre palestinianos e israelitas.

“Nós queremos paz, mas paz de uma forma justa. Estamos a trabalhar na paz para o Médio Oriente e Trump incendiou tudo. Isto é muito mau!”, afirmou, acrescentando que o Presidente dos Estados Unidos “está a matar o desejo de paz dos palestinianos de ter um Estado independente”.

Outro dos promotores da manifestação, Manuel Afonso, defendeu que “Portugal deve fazer um boicote a Israel”, em todos os níveis, porque, frisou, “os portugueses devem estar ao lado dos palestinianos contra os Estados Unidos”.

Donald Trump anunciou no passado dia 06 que os Estados Unidos reconhecem Jerusalém como capital de Israel e que vão transferir a sua embaixada de Telavive para Jerusalém, contrariando a posição da ONU e dos países europeus, árabes e muçulmanos, assim como a linha diplomática seguida por Washington ao longo de décadas.

Os países com representação diplomática em Israel têm as embaixadas em Telavive, em conformidade com o princípio, consagrado em resoluções das Nações Unidas, de que o estatuto de Jerusalém deve ser definido em negociações entre israelitas e palestinianos.