“É uma vergonha”, disse à agência Lusa o presidente da Câmara Municipal, José Brito, indicando que a autarquia “não foi avisada das descargas” efetuadas pela EDP, na tarde de sexta-feira, a pedido da Câmara de Coimbra.
Nesse dia, mais de 500 quilos de peixes mortos foram retirados do rio Ceira, a montante da cidade de Coimbra, cujo município solicitou à EDP “a abertura urgente” das comportas do Alto Ceira.
“Até agora ninguém nos avisou”, criticou hoje José Brito, 24 horas após a EDP ter descarregado, durante algum tempo, “água contaminada” daquela barragem, no concelho da Pampilhosa da Serra.
Para o autarca do PSD, “isto é uma vergonha, ainda por cima na mesma Comunidade Intermunicipal” da Região de Coimbra, que inclui os 17 municípios deste distrito, além de Mortágua (Viseu) e Mealhada (Aveiro).
“Como é possível a Proteção Civil de Coimbra mandar descarregar três metros cúbicos de água por segundo e nem sequer nós termos sido avisados?”, lamentou.
José Brito disse que o aumento repentino do caudal do Ceira “trouxe poluição, pôs populações em perigo, estragou o que estava bem e não remediou o que, infelizmente, estava mal” a jusante.
Camba e Ponte de Fajão são as duas praias fluviais afetadas no concelho da Pampilhosa da Serra, além de um açude utilizado igualmente por banhistas, indicou à Lusa o utente Carlos Simões, dirigente da Casa do Concelho da Pampilhosa da Serra, em Lisboa.
“Por momentos não foram apanhadas crianças nas praias”, sublinhou.
Por sua vez, Bruno Silva, que reside na capital e tem raízes familiares neste município da região Centro, confirmou que “o rio subiu repentinamente, sem ter havido por parte das autoridades qualquer aviso prévio”.
“Para surpresa nossa, a comporta de fundo da barragem do Alto Ceira foi aberta, libertando enorme caudal de água podre e muito mal cheirosa”, acentuou.
Em comunicado, em Câmara de Coimbra informou na sexta-feira que, através do Serviço Municipal de Proteção Civil, tinha pedido à EDP para abrir com caráter de urgência as comportas da barragem do Alto Ceira.
Tratava-se, segundo o município liderado pelo socialista Manuel Machado, de “um verdadeiro problema ambiental e de saúde pública junto às povoações ribeirinhas com possíveis graves consequências ao nível da captação e da distribuição de água para consumo humano”.
Os peixes terão morrido devido à contaminação das águas do Ceira, após a queda de chuva, na segunda-feira, que arrastou terras e cinza das encostas onde lavraram incêndios para este afluente do Mondego.
Na margem direita está situada a captação da Boavista, que abastece a cidade de Coimbra.
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