Em entrevista à agência Lusa a propósito do Orçamento do Estado para 2019 (OE2019), André Silva foi questionado sobre as prioridades orçamentais que António Costa elencou no discurso de "rentrée" do PS e respondeu que não ficou admirado com a ausência de medidas “estruturais para o país” nas áreas da proteção e defesa do ambiente.
“É muito complexo para o primeiro-ministro conseguir ir explicando aquela dissonância entre defender o combate às alterações climáticas, implementar o acordo de Paris, mas por outro lado ter o desejo de fazer prospeção e exploração de hidrocarbonetos na nossa costa”, criticou.
Na opinião do deputado do PAN, o primeiro-ministro “prefere não abordar esses temas porque, de alguma forma, já percebeu que os portugueses o apanharam em contrapé ou em completa dissonância e contrariedade”.
Sobre o sentido de voto do PAN neste último orçamento da legislatura, André Silva escusou-se a antecipá-lo, uma vez que ainda desconhece a proposta do Governo, que tem de dar entrada no parlamento até 15 de outubro.
“Nós costumamos fazer sempre uma avaliação prévia e depois disso tomamos o nosso sentido de voto. Poderíamos já, neste momento, ter garantias de que algumas das propostas do PAN integrariam a proposta que vai dar entrada na Assembleia da República, mas não é o caso”, disse.
Sobre a posição na votação final global do PAN nos orçamentos já aprovados — no primeiro da legislatura absteve-se e nos últimos dois votou a favor – o deputado explicou que “essa evolução que tem ocorrido desde 2016 é mais uma evolução do Governo e do PS do que do PAN”.
“O PAN continua este ano, como todos os anos, com o mesmo compromisso de melhorar a proposta do OE. A diferença, de facto, é que o Governo e o PS ouviram-nos um pouco mais, acolheram as nossas propostas e daí mudamos o nosso sentido de voto, apenas e só na especialidade porque não tivemos na generalidade, na proposta inicial, nenhuma proposta acolhida”, recordou.
Na opinião de André Silva, tendo em conta a representação parlamentar do PAN — 0,4% do parlamento -, que resulta em “tempos reduzidíssimos” e possibilidades de debates escassas, a atividade do partido “até agora superou as expectativas da sociedade portuguesa e há de facto um reconhecimento do trabalho que o PAN tem feito, concordando-se ou não”.
“O PAN não é um epifenómeno, não é uma moda e, portanto, aquilo que nós continuamos a transmitir às pessoas — e que as pessoas nos pedem — é mais força, mais responsabilidade para fazer mais e obviamente um dos grandes objetivos daqui a um ano é continuar na Assembleia da República com mais do que um deputado, com um grupo parlamentar, para fazer mais”, antecipou.
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