“Nestas medidas que foram adotadas pelo Governo, é de lamentar que não tenham sido ouvidos os partidos políticos porque à semelhança do que aconteceu lá atrás, seja para a declaração do estado de emergência, tendo em conta que estamos a adotar medidas que beliscam ou que estão feridas de constitucionalidade, teria sido importante ouvir, fazer a auscultação, e isso não aconteceu e é de facto lamentável”, afirmou a porta-voz.
Em entrevista à Lusa a poucos dias de assinalar um mês desde a sua eleição como líder do Pessoas-Animais-Natureza, em congresso, Inês de Sousa Real defendeu que “não só deveriam voltar as reuniões do Infarmed, como a auscultação do primeiro-ministro e do senhor Presidente da República em momentos-chave como este”.
No que toca às medidas restritivas impostas nas últimas semanas, de recuo no desconfinamento, isso “teria sido absolutamente imprescindível”, considerou.
“Porque se há algo que este Governo não pode fazer é continuar de costas voltadas para o parlamento”, uma vez que o PS “não tem maioria absoluta” na Assembleia da República, salientou a dirigente.
Por isso, continuou, o executivo de António Costa “tem que respeitar que de facto há outras forças que neste momento têm de também ter uma palavra a dizer não só na gestão da pandemia como as decisões que são tomadas, que afetam claramente não só as liberdades e garantias fundamentais, mas também a economia”.
“Porque esta forma desastrosa de gerir a crise pandémica depois tem consequências também socioeconómicas gravosas e não podemos andar aqui a brincar com a vida das pessoas nem com aquilo que é o futuro da economia do país. Nós estamos a dar cabo da economia do país”, criticou.
Nesta entrevista, a porta-voz do PAN considerou também que a gestão da pandemia “tem sido um processo muito atabalhoado” e “não tem corrido da melhor forma”, assinalando “uma forte incoerência na forma como a mensagem é passada para as pessoas”.
E apontou que o Governo está a passar uma “mensagem muito contraditória” e que “não ajuda a que as pessoas percebam a importância” de continuar a ter cuidados para evitar a disseminação do novo coronavírus.
“De nada adianta estarmos a impor estas medidas quando quotidianamente as pessoas, para se deslocarem para o trabalho, continuam a ter os transportes públicos cheios porque não houve o reforço das carreiras”, exemplificou, indicando que isso foi “algo que desde o primeiro momento da pandemia o PAN alertou”.
Alertando também para a necessidade de “garantir que há apoios sociais”, na sequência das medidas restritivas, Inês de Sousa Real sublinhou ainda que há “um conjunto de respostas que o Governo tinha que dar” e “tinha que ser muito mais coerente e eficaz na forma de gestão da crise”.
No que toca ao plano de vacinação, a porta-voz do PAN defendeu que “tem que ser acelerado”.
Na quinta-feira, o Conselho de Ministros decidiu que a entrada e saída na Área Metropolitana de Lisboa está proibida até às 06:00 de segunda-feira, aplicando-se ainda recolher obrigatório, diariamente, entre as 23:00 e as 05:00, em 45 concelhos de Portugal continental.
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