No seu primeiro discurso perante as autoridades do Panamá, país onde chegou na quarta-feira para participar nas Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), o papa lembrou a todos que as novas gerações querem dos que “têm um papel de liderança na vida pública que levem uma vida de acordo com a dignidade e a autoridade que têm e que lhes foi confiada”.
Depois de ter ouvido o discurso do Presidente do país, Juan Carlos Varela, no Palácio de Bolívar, o papa Francisco dirigiu-se às autoridades do Panamá, aos representantes do corpo diplomático e ao mundo dos negócios e da cultura.
"É um convite a viver com austeridade e transparência, com particular responsabilidade para com os outros e o mundo, e que viva uma vida que demonstre que o serviço público é sinónimo de honestidade e justiça e antónimo de qualquer forma de corrupção", disse.
Num país considerado há anos como um paraíso fiscal, Francisco exortou os cristãos a "terem a audácia" de criar "uma cultura de maior transparência entre os governos, o setor privado e a população".
O papa falou do Panamá como "uma terra de chamada" evidenciada pela chegada de jovens para participar nas JMJ, e exortou todos a trabalhar para conseguirem uma "educação de qualidade" e a "promoção do trabalho decente".
Francisco focou especialmente a riqueza dos povos indígenas do Panamá e defendeu que é necessário "celebrar, reconhecer e ouvir a especificidade de cada um desses povos e de todos os homens e mulheres que compõem o rosto do Panamá".
O papa argentino também chamou ao Panamá a "terra dos sonhos" e disse que nos dias de hoje o país será “um ponto de esperança" e um "ponto de encontro” onde jovens dos cinco continentes, cheios de sonhos e esperanças, celebram e rezam por um compromisso de criar um mundo mais humano.
Esta é a terceira edição internacional das jornadas presididas pelo papa Francisco, depois de Rio de Janeiro, em 2013, e de Cracóvia, em 2016.
O único papa a visitar o Panamá, até hoje, foi João Paulo II, em março de 1983.
A organização da Jornadas Mundiais da Juventude 2019 contabiliza, no arranque da iniciativa, mais de 100 mil peregrinos de 156 países, acompanhados por 480 bispos e conta também com a participação de 300 portugueses de 12 dioceses e seis congregações e movimentos (Salesianos, Caminho Neocatecumenal, Equipas de Jovens de Nossa Senhora, Juventude Mariana Vicentina, Schoenstatt e Focolares).
O Presidente da República desloca-se ao Panamá a convite do seu homólogo panamiano, Juan Carlos Varela, entre 25 e 27 de janeiro.
A delegação portuguesa inclui também 30 voluntários e seis bispos, nomeadamente Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, Joaquim Mendes, presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família e bispo auxiliar de Lisboa, José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, Manuel Felício, bispo da Guarda, Nuno Almeida, bispo auxiliar de Braga, e Virgílio Antunes, bispo de Coimbra.
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