O pontífice de 86 anos foi à Casa da Caridade, local para abrigar e ajudar moradores de rua e vítimas de violência doméstica, num bairro pobre de Ulan Bator, capital da Mongólia, país que regista 36% da população a viver abaixo da linha da pobreza.
Num antigo edifício abandonado no distrito de Bayangol, Francisco lembrou que “os primeiros missionários chegaram a Ulan Bator nos anos 90, sentiram imediatamente o chamamento para a caridade”.
Após ver alguns jovens com deficiência a cantar e dançar, o Papa garantiu que foi o governo da Mongólia que pediu ajuda à Igreja Católica para acudir a algumas emergências sociais.
O pontífice disse ser preciso desmantelar o mito de “que a Igreja Católica, que se distingue no mundo pelo seu grande empenho nas obras de promoção social, faz tudo isto por proselitismo, como se cuidar dos outros fosse uma forma de os convencer e colocá-los do seu lado”.
No sábado, Francisco tinha dito que os governos não têm “nada a temer” da Igreja Católica, numa observação que foi entendida como dirigida à China.
“Os governos […] não têm nada a temer da ação evangelizadora da Igreja, porque a Igreja não tem uma agenda política a seguir”, disse o pontífice na catedral de Ulan Bator.
A China, que faz fronteira com a Mongólia, não reconhece a autoridade do Papa em relação aos católicos no país, que estão subordinados à Associação Patriótica Católica Chinesa, um organismo estatal fundado em 1957.
A China também não tem relações diplomáticas com o Vaticano, que é o único Estado na Europa com laços formais com Taiwan.
Pequim considera Taiwan como uma província da China e ameaça invadir a ilha se Taipé declarar a independência.
Apesar dos conflitos, o Vaticano e a China renovaram um acordo no ano passado sobre a questão da nomeação de bispos chineses.
No sábado, na enorme praça Sukhbaatar, que alberga o coração do poder mongol em Ulan Bator, mais de um milhar de fiéis e curiosos aguardaram a chegada do Papa.
Para evitar serem identificados, muitos dos chineses que atravessaram a fronteira para ver o Papa cobriram a cabeça e esconderam o rosto atrás de máscaras cirúrgicas e óculos escuros.
“Temos de nos manter discretos e, sobretudo, não dizer que estamos aqui para o Papa”, disse à AFP uma chinesa que preferiu não ser identificada.
“Muitos católicos na China queriam vir, mas não puderam. Somos abençoados”, disse outro chinês, que também pediu para não ser identificado por medo de represálias na China.
Nenhum bispo da China continental terá sido autorizado a viajar para a Mongólia durante a visita do papa, segundo as agências internacionais.
Apenas o antigo cardeal chinês e bispo emérito de Hong Kong, John Tong Hon, e o atual bispo, Stephen Chow, que será nomeado cardeal pelo Papa no final de setembro, assistiram à visita de Francisco.
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