“Sanções já adotámos e poderíamos adotar [outras], mas devemos ser lúcidos: isso não é suficiente”, afirmou o secretário de Estado francês para os Assuntos Europeus, Clément Beaune, à rádio France Inter.

“A opção do Nord Stream é uma opção que pode ser considerada. Hoje é uma decisão alemã porque é um gasoduto que (chega) à Alemanha. Sempre dissemos que tínhamos as maiores dúvidas sobre este projeto”, prosseguiu Beaune, que admitiu que as autoridades francesas estariam a favor do abandono do Nord Stream 2.

A França já tinha relatado “reservas” sobre o projeto ainda antes do caso Navalny, mas nunca tinha falado tão claramente de forma pública a favor do abandono.

A chanceler alemã, Angela Merkel, por sua vez, reafirmou a 21 de janeiro a sua simpatia com o projeto, bastante contestado pelos Estados Unidos por outros motivos.

Os Estados Unidos e vários países europeus, como a Polónia, têm uma visão negativa deste novo gasoduto, que irá duplicar o Nord Stream 1 já em operação, julgando que vai aumentar a dependência da Alemanha e da UE face ao gás russo e, em consequência, face a Moscovo.

O assunto está na mesa de discussão desde o alegado envenenamento de Alexei Navalny, pelo qual o opositor culpa o Presidente russo, Vladimir Putin.

Navalny foi detido quando chegou à Rússia, em 17 de janeiro, após cinco meses de recuperação na Alemanha e a repressão aos protestos que reclamavam a sua libertação.

Os europeus estão também a considerar a adoção de novas sanções se o Presidente russo continuar a reprimir a oposição.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borell, deve visitar Moscovo de 04 a 06 de fevereiro para exigir a libertação de Navalny.

Borrell deplorou as “detenções em massa” e o “uso desproporcional de força” durante os novos protestos pró-Navalny na Rússia no domingo, nos quais a polícia prendeu mais de 5.000 pessoas e bloqueou o centro de várias cidades, incluindo da capital Moscovo.

No início de dezembro, os trabalhos para o Nord Stream 2, um projeto de mais de nove mil milhões de euros e 1.200 quilómetros de ligação submarina, foram retomados em águas alemãs, após um ano de suspensão devido a sanções.