O "sr. Barroso prepara a cama para os anti-europeus. Apelo, pois, solenemente que renuncie a esse cargo", disse o secretário de Estado dos Assuntos Europeus Harlem Désir aos deputados franceses, citado pela AFP.

O ex-primeiro-ministro português (2002-2004), que presidiu a Comissão de 2004 a 2014, foi contratado pelo banco de investimento americano.

Esta contratação "é particularmente chocante, especialmente tendo em conta o papel desempenhado pelo banco durante a crise financeira de 2008, mas também pelas fraudes de contas públicas da Grécia", salientou Désir.

"Moralmente, politicamente, eticamente, é uma falha por parte do Sr. Barroso. Este é o pior serviço que um ex-presidente de uma instituição europeia poderia prestar ao projeto europeu num momento da história em que ele precisa ser apoiado, mantido e reforçado", acrescentou.

O secretário de Estado também pediu a Bruxelas para mudar o "código de conduta", segundo o qual os comissários devem, no prazo de 18 meses após o fim de seu mandato, pedir autorização ao antigo empregador antes de se juntar a um grupo privado, mas que não prevê nada além deste período.

"Precisamos estender a duração da proibição de ser contratado por uma empresa privada, expandir as incompatibilidades, fortalecer os controlos", defendeu Harlem Désir.

"Poderia haver um organismo independente no qual o Parlamento seria representado em toda a sua diversidade, e juristas internacionais para avaliar os conflitos de interesse e proibir esse tipo de contratação", sugeriu.

A nomeação de José Manuel Barroso foi fortemente criticada, especialmente em França e em Portugal. O secretário de Estado do Comércio Exterior Mathias Fekl chamou Barroso de "representante indecente de uma velha Europa".