As medidas hoje anunciadas pelo secretário regional da Saúde e do Desporto, Clélio Meneses, em conferência de imprensa em Angra do Heroísmo, pretendem evitar o aumento do contágio pelo novo coronavírus durante a Páscoa e determinam que, entre as 00:00 de sexta-feira e as 23:59 de domingo, está proibida a circulação entre concelhos em toda a ilha de São Miguel.
O Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) decretou ainda o recolher obrigatório entre as 15:00 de cada um deste três dias e as 05:00 do dia seguinte nos municípios de São Miguel.
O comércio da ilha tem de encerrar no máximo às 15:00 neste período, podendo a restauração funcionar com os serviços ‘take-away’ e entrega ao domicílio até às 22:00. Enquanto as portas estiverem abertas, os restaurantes e espaços similares podem ter um máximo de quatro pessoas em cada mesa, exceto se se tratar do mesmo agregado familiar.
Nas restantes ilhas, neste fim de semana alargado de Páscoa, os estabelecimentos de restauração e bebidas encerram às 22:00, sendo proibida a venda de bebidas alcoólicas nos restantes estabelecimentos a partir das 20:00.
O executivo decidiu ainda que não vai conceder tolerância de ponto na quinta-feira, como aconteceu noutros anos.
Questionado pelos jornalistas, o secretário regional da Saúde explicou que os turistas têm de cumprir as mesmas regras do que os cidadãos residentes, pelo que, ao chegarem ao alojamento, não podem nestes dias sair do concelho onde a unidade se situa.
“As decisões da autoridade de saúde não se dirigem nem a favor, nem contra nenhum setor de atividade em concreto […]. Acho que não há nenhum cidadão que reserve viagens que não saiba que estamos em pandemia”, declarou, lembrando que em qualquer local os turistas correm o risco de ver as medidas de contenção alteradas e que o anúncio destas restrições já próximo da Páscoa se deveu à necessidade de ajustá-las à situação atual da pandemia.
Por outro lado, tendo em conta o caráter religioso da Páscoa, explicou o governante, “tem havido conversações com a Igreja para contenção neste período”, para que as entidades eclesiásticas tenham em conta as medidas.
Devido à proibição entre concelhos, o executivo regional alertou a PSP, bem como os serviços de inspeção das atividades económicas, mas sublinhou a necessidade de as responsabilidades serem repartidas por todos: “Aos cidadãos cumpre terem comportamentos adequados, às forças policiais cumpre a fiscalização e ao Governo cumpre tomar decisões”.
O secretário regional disse compreender as preocupações dos vários setores de atividade, mas sublinhou que este esforço acrescido é necessário e que “mais vale restringir três dias do que três meses”.
Clélio Meneses adiantou que o concelho do Nordeste sobe para alto risco, sendo aplicadas, a partir de segunda-feira, as medidas previstas para esses casos, e que o concelho de Ponta Delgada se mantém no nível médio alto.
A escala de risco utilizada pela Região Autónoma dos Açores tem cinco níveis: muito baixo, baixo, médio, médio alto e alto.
Os Açores registam 131 casos ativos, sendo 130 em São Miguel: 105 no concelho de Ponta Delgada, oito no concelho da Ribeira Grande, sete no concelho da Lagoa, sete no concelho do Nordeste, quatro em Vila Franca do Campo e dois no concelho da Povoação.
As outras ilhas não registam casos, com exceção da Terceira, onde há um caso positivo ativo na freguesia da Feteira, do concelho de Angra do Heroísmo.
Desde o início da pandemia foram diagnosticados 4.179 casos de covid-19 nos Açores, tendo recuperado da doença 3.910 pessoas.
Morreram 30 pessoas, saíram do arquipélago 67 e 41 apresentaram prova de cura anterior, tendo sido extintas 199 cadeias de transmissão local.
Estão atualmente internados na região 10 doentes, todos no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, quatro dos quais em Unidade de Cuidados Intensivos.
Dois outros doentes foram transportados em estado grave para hospitais em Lisboa.
De 31 de dezembro de 2020 até 30 de março, 43.812 pessoas com mais de 15 anos foram vacinadas no arquipélago, 28.376 das quais com a primeira dose (14,01% da população) e 15.436 com a segunda (7,62%).
As autoridades regionais dos Açores e da Madeira divulgam diariamente os seus dados em relação à pandemia, que podem não coincidir com a informação divulgada no boletim da Direção-Geral da Saúde.
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