João Ferreira falava aos jornalistas no dia em que se assinala um ano da passagem da Carris para alçada da Câmara Municipal de Lisboa, lembrando que “nada foi resolvido”, pelo que “o drama das populações continua”.
O vereador do PCP começou por explicar que o processo de “degradação do serviço da Carris” aconteceu com a implementação da Rede Sete, que ao suprimir carreiras levou ao isolamento de bairros ao fim de semana e à noite, agravando os problemas de mobilidade.
“No final do primeiro ano praticamente nenhum dos problemas identificados foi resolvido”, afirmou, exemplificando que nenhuma carreira viu o seu percurso aumentado e poucas alterações ocorreram na questão dos horários, agravando-se os tempos de espera.
João Ferreira advertiu, também, que os descontos ficaram “aquém das expetativas”, considerando que os preços estão atualmente “superiores aos praticados em 2011 e com pior serviço prestado”.
Em relação ao processo de aquisição dos novos 165 autocarros movidos a gás natural comprimido, cujo contrato foi hoje assinado, em Lisboa, João Ferreira considerou que estes não vão aumentar o número de autocarros em serviço, já que ”vão repor viaturas em fim de vida” e os mesmos não são entregues todos ao mesmo tempo.
João Ferreira avançou ainda que a compra destes novos equipamentos vai ser feita com recurso à banca e não via Orçamento do Estado, considerando que tal facto irá “colocar a Carris na situação de iniciar um novo processo de endividamento, voltando a assumir um passivo após o anterior ter sido ‘sanado’ pelo Estado”.
João Ferreira voltou a defender a gestão metropolitana dos transportes públicos e não a municipalização como acontece com a Carris, considerando urgente a criação de um passe intermodal único que não beneficie quem viva na cidade em detrimento daqueles que vivem nas áreas limítrofes.
O vereador enalteceu a contratação de novos trabalhadores, mas lembrou que o número é inferior àquele que é necessário para repor os níveis de oferta e para fazer face às saídas de outros funcionários por limite de idade.
“Para os trabalhadores e para os utentes, os últimos dois anos apresentaram a enorme vantagem de terem interrompido a gestão reacionária do Governo PSD/CDS, mas as justas expetativas foram, no essencial, frustradas”, afirmou.
O vereador acrescentou também que os “gastos operacionais da Carris não podem estar em cima dos utentes”, mas sim que resultem de um orçamento.
Durante o mês de fevereiro o PCP irá promover uma campanha para "denunciar e promover" os transportes públicos de qualidade na cidade de Lisboa, sendo esta campanha realizada a nível distrital.
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