"Como é que é possível haver tanto à vontade para sacudir a água do capote e para criar nas pessoas a ilusão de que quem governa não é o responsável pelo que está a ser decidido?", questionou Passos Coelho, afirmando que a política de comunicação do Governo "é um embuste do princípio ao fim".
O presidente do PSD falava na abertura da convenção autárquica do distrito de Aveiro, onde deu vários exemplos de tentativas do Governo de "sacudir a água do capote", como o adiamento da aprovação do processo de descentralização no parlamento, os lesados do Banif ou o SIRESP (sistema de comunicações de emergência).
Relativamente a este último, o presidente do PSD lembrou que o SIRESP "tem a assinatura do atual primeiro-ministro", porque o contrato de Parceria Publico Privada foi assinado no tempo em que António Costa era ministro da Administração Interna.
"Como é que é possível vir lamentar-se recorrentemente das falhas daquele sistema, como se ele não tivesse nada que ver com aquilo? No mínimo, deveria ter um pouco mais de constrangimento em, com tanta frequência, falar nas responsabilidades e nas falhas e do SIRESP como se elas não tivessem um autor", referiu.
O líder social-democrata disse ainda que o Governo "tem falhado muitas tentativas de fazer alguma coisa que possa ter consequência para o futuro em termos estruturais", dando como exemplo a reforma da floresta, que considerou ser uma "manta de retalhos", resultante de negociações "pouco transparentes" entre os partidos que suportam o Governo.
"Se todas as reformas importantes para o país resultarem desta maneira de fazer política, desta forma de trabalhar do Governo e da sua maioria, então é a minha vez de dizer que estamos a perder muito tempo mesmo, porque o Governo não fará aquilo que é preciso e não deixa que quem sabe fazer qualquer coisa possa fazer", afirmou.
Passos Coelho comentou ainda a forma como o Governo tem lidado com o processo de transferência de trabalhadores dentro da Altice, criticando as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros que disse que, se fosse trabalhador da PT, também estaria a fazer greve.
"Porque é que não dizem que, se fossem enfermeiros especialistas, também faziam greve?", questionou, adiantando que, se o Governo está preocupado com alguma coisa naquela empresa, "tem instrumentos para poder atuar".
"Ao Governo compete agir. Não compete ameaçar, nem discriminar", vincou.
O líder social-democrata reiterou que o objetivo para as autárquicas passa por "ampliar o resultado obtido em 2013 e ganhar as eleições".
Também presente na abertura da convenção autárquica, o cabeça de lista do PSD por Aveiro nas Legislativas, Luís Montenegro, recebeu o segundo maior aplauso, ouvindo elogios ao trabalho que desempenhou como líder da bancada parlamentar 'laranja', cargo que deixou de exercer na passada quarta-feira, ao fim de seis anos.
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