Passos Coelho foi, até hoje, o segundo presidente do PSD mais duradouro, logo atrás de Cavaco Silva, dez anos líder do partido, e à frente de Durão Barroso, que exerceu essas funções por cinco anos.
À frente do PSD desde 26 de março de 2010, e reeleito em 2012, 2014 e 2016, sem nunca ter tido oposição interna organizada, Passos Coelho exerceu o cargo de primeiro-ministro entre junho de 2011 e novembro de 2015, em dois Governos sucessivos em coligação com o CDS-PP, embora o segundo tenha durado menos de um mês, na sequência do ‘chumbo’ do programa do executivo no parlamento pela esquerda.
No primeiro executivo, o líder do PSD governou a maior parte do tempo sob assistência financeira externa, na sequência do pedido de resgate de 2011, ainda por um Governo socialista. Essa coligação voltou a ser a força mais votada nas eleições legislativas de 04 de outubro de 2015, com 38,5% dos votos, mas PSD e CDS-PP perderam a maioria absoluta na Assembleia da República, o que acabou por ditar o destino desse Governo minoritário.
Já na oposição, Passos Coelho foi reeleito líder do PSD em março de 2016, com 95% dos votos, novamente sem adversários, embora ao longo dos últimos dois anos tenham sido vários os críticos assumidos à estratégia da direção, nomeadamente o ex-presidente da Câmara Rui Rio que já era dado como certo na disputa da liderança antes das autárquicas.
Nos últimos dois anos, a relação do líder do PSD com o primeiro-ministro socialista, António Costa, foi sempre tensa, com Passos a atribuir os resultados económicos favoráveis do país em grande parte à herança que recebeu, e acusando o executivo de ter prosseguido a austeridade sem o assumir, através do aumento dos impostos indiretos, do travão no investimento e da degradação dos serviços públicos.
Também pouco próxima foi a relação com Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República desde março de 2016. Apesar de este ter contado com “uma recomendação de voto” do PSD na sua eleição, Passos referiu-se sempre ao chefe de Estado como o “dr. Rebelo de Sousa” e realçou, por diversas vezes, que o Presidente tem de ser uma figura independente dos partidos.
Na última campanha autárquica, o líder do PSD manifestou, por três vezes, o desejo de voltar a ser primeiro-ministro em 2019, mas os piores resultados de sempre em eleições locais levaram Passos Coelho, de 53 anos, a optar por se afastar da presidência do PSD.
Pedro Manuel Mamede Passos Coelho nasceu em Coimbra a 24 de julho de 1964, filho de um médico transmontano e de uma enfermeira do Baixo Alentejo, que se conheceram na Estância Sanatorial do Caramulo.
Do Caramulo, a família mudou-se para Angola, onde Passos Coelho viveu parte da infância, regressando a Portugal depois do 25 de Abril de 1974, para a terra dos avós paternos, Valnogueiras, no concelho de Vila Real.
Foi em Vila Real, regressado de África, que Passos Coelho se iniciou na política, primeiro participando num congresso da União dos Estudantes Comunistas (UEC), e depois aproximando-se da Juventude Social Democrata (JSD) por causa de um campeonato de cartas, aos 14 anos.
Após exercer os cargos de secretário-geral e vice-presidente da JSD, entre 1984 e 1990, foi presidente da organização de juventude do PSD em dois mandatos consecutivos, de 1990 a 1995, em pleno "cavaquismo".
Sem nunca ter exercido qualquer cargo governativo, esteve no Parlamento de 1991 a 1999, como deputado e vice-presidente do grupo parlamentar do PSD.
Depois de ter sido derrotado em 2008 por Manuela Ferreira Leite, foi eleito presidente do PSD nas diretas de 26 de março de 2010, que venceu com 61 por cento dos votos, derrotando Paulo Rangel, José Pedro Aguiar-Branco e Castanheira Barros.
Pelo meio, criou um grupo de reflexão política "Construir Ideias", e escreveu um livro, "Mudar", editado em janeiro de 2010 pela Quetzal.
Entre 1999 e 2008, esteve mais distante da vida política, com uma curta passagem pela direção social-democrata de Marques Mendes, da qual foi vice-presidente, saindo por divergências políticas que não foram tornadas públicas.
Em 2001, concluiu a licenciatura em economia pela Universidade Lusíada de Lisboa. Foi consultor da Tecnoforma e mais tarde ingressou no grupo Fomentinvest, que tem o ex-ministro da Administração Interna Ângelo Correia como presidente da comissão executiva. Passos Coelho deixou os cargos que exercia neste grupo depois de ser eleito presidente do PSD.
No entanto, a sua ligação a esta empresa e as polémicas relacionadas com as contribuições para a Segurança Social entre 1999 e 2004 viriam a persegui-lo no tempo em que foi primeiro-ministro.
Internamente, disputou por duas vezes, e perdeu, a distrital de Lisboa do partido, uma vez para Pacheco Pereira, a outra para Duarte Lima. E nas autárquicas de 1997 esteve perto de ganhar a presidência da Câmara Municipal da Amadora.
Casado pela segunda vez, pai de três filhas, Passos Coelho assume-se como um amante de música, tem voz de barítono e chegou a ter aulas com uma professora do Conservatório e até a inscrever-se num 'casting' para um musical de Filipe La Féria.
Na última campanha autárquica, Passos confessou, perante um grupo de crianças, que só não seguiu profissionalmente esse seu talento de cantor porque não o descobriu “mais cedo”.
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