No encerramento das jornadas parlamentares do PSD, que decorreram em Albufeira (Faro), Passos Coelho defendeu que os dados positivos da economia "não decorrem de qualquer ação deste Governo" e lamentou que o executivo socialista tenha perdido um ano e continue a não querer fazer reformas.
"O Governo demorou um ano a mostrar ao país que toda a conversa que fazia contra nós, dizendo que vivíamos obcecados pelo défice e dívida, ao fim de um ano o governo converteu-se àquilo que antes motivava a sua repulsa na política que nós fazíamos", afirmou.
Na sua intervenção, Passos Coelho referiu-se à confirmação, hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), de que a economia cresceu 2,8% no primeiro trimestre, dados que considerou positivos, mas que disse "não decorrer de nenhuma decisão que o Governo tenha tomado", estando assente nas exportações líquidas.
"Não estamos a disputar méritos, é uma conversa que nesta fase não é relevante, mas não venham querer atirar-nos areia para os olhos", afirmou, acrescentando que o país não cresceu mais cedo porque "houve dúvidas motivadas pela solução de governo" minoritário do PS apoiado no parlamento pelo PCP e BE.
"O Governo retardou esse processo", insistiu.
Perante os deputados sociais-democratas, Passos desafiou o instituto que gere a dívida nacional, o IGCP, a aproveitar o atual crescimento económico para emitir dívida a 15 anos em vez de a seis ou a sete.
"É aproveitar agora enquanto dura a perceção orçamental de que as coisas correram bem e que vão continuar a correr. Emitam, por favor", apelou.
Para o líder do PSD, a atual solução governativa está a levar o PS a "empurrar com a barriga" reformas necessárias como a da segurança social, descentralização ou sistema eleitoral.
"Sabemos que o PS tem reagido de forma consistentemente bloqueadora a essas reformas", lamentou, dizendo que o país não passará para "outro patamar" e que "é criminoso" dizer aos portugueses que elas não são necessárias.
Sobre uma possível subida do ‘rating' de Portugal, Passos apelou ao Governo para que "faça por merecer" essa subida e voltou a acusar o executivo de incongruências na frente externa e interna, apontando como exemplo o relatório sobre a dívida, desenvolvido entre PS e BE, mas que o Governo não pretende apresentar em Bruxelas.
"Será que o primeiro-ministro é o mesmo que o secretário-geral do PS? Queremos melhorar o ‘rating' ou andar a empatar o BE?", questionou.
Recorrendo à ironia, Passos Coelho aconselhou o Governo a ‘receitar' à Grécia a mesma solução que propôs aos portugueses, de fazer crescer a economia através do aumento dos rendimentos, mas que, segundo o líder do PSD, depois não aplicou em Portugal.
"Caramba, porque é que eles em vez de irem aos ‘think tanks' [grupos de reflexão] de Bruxelas, não apanham um aviãozinho para a Grécia e explicam ao senhor Tsipras como fazer?", afirmou.
Expressando a convicção de que a legislatura vai durar até 2019 - "porque PCP e BE não têm feito nada de consistente com o que reivindicavam no passado" - Passos desafiou os deputados sociais-democratas a aproveitarem estes dois anos para denunciarem o que é relevante para o país.
"Há uma falsa alternativa no país: Um investimento muito grande a fazer de conta e a construir uma realidade virtual", criticou.
No encerramento das jornadas, Passos Coelho afastou as críticas dos que dizem que o PSD mudou de discurso ou não tem discurso, contrapondo com a coerência das posições sociais-democratas.
"Nós temos defeitos como toda a gente, mas não andamos aos solavancos, a fazer o pino, a mudar o discurso", afirmou.
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