“O Governo começou com uma medida extremamente simbólica mas extremamente importante. Não podemos fazer de conta que se pode brincar com os símbolos que pertencem a todos (…) O Governo esteve bem, apesar de isso ter sido muito criticado. Fez bem o Governo em fazer assim, exorto a que não se fique por aqui”, afirmou.
Passos Coelho apresentou hoje o livro "Identidade e Família – Entre a Consciência da Tradição e As Exigências da Modernidade" numa livraria totalmente lotada em Lisboa e que contou com a presença dos líderes do Chega, André Ventura, e do CDS-PP, Nuno Melo, também ministro da Defesa Nacional do executivo minoritário PSD/CDS-PP.
A obra reúne textos de personalidades como Jaime Nogueira Pinto, Manuel Clemente, Manuela Ramalho Eanes, João César das Neves, Isabel Galriça Neto, Guilherme D’Oliveira Martins ou José Ribeiro e Castro, entre outros.
À entrada, Passos Coelho foi questionado sobre críticas por se ter associado à visão de família de alguns dos autores do livro, lamentando que no espaço público existam “cada vez mais rótulos e caricaturas” apenas com a intenção de “agredir e desqualificar”.
“Portugal, apesar de algum atraso nesta abordagem, também vem conhecendo este vício que diminui o espaço público e procura reconduzir certas discussões que interessam a toda a sociedade a uma espécie de gente ultramontana, ultraconservadora e outras coisas que normalmente se seguem”, disse, acrescentando que no espaço político estes rótulos rapidamente descambam para outros.
“Eu fui [chamado de] fascista imensas vezes”, acrescentou.
Sobre a temática do livro, o antigo presidente do PSD defendeu como consensual que “a família representa o primeiro espaço de socialização” e que, apesar de não ser perfeita e haver muitas disfuncionais, deve ser nela que começa a transmissão de valores.
“As famílias precisam de ser ajudadas na educação e no ensino, mas dificilmente o conseguiremos, com uma espécie de sovietização do ensino em que queremos dirigir o ensino em favor de uma determinado perspetiva que nem sequer é dominante na sociedade, quanto mais nas famílias”, disse, recebendo muitas palmas dos presentes.
Passos Coelho voltou também a pronunciar-se contra a despenalização da eutanásia, questionando “por que razão as políticas públicas pretendem ajudar das pessoas a morrer em vez de lhes dar condições para viver”.
“Faz muito sentido que muitas das políticas públicas possam ser redesenhadas, empoderando a família, ajudando-a a superar as deficiências que têm”, defendeu.
O antigo líder do PSD quis ainda voltar ao tema da segurança e imigração, que causou polémica quando marcou presença na campanha eleitoral da AD.
“Eu sei que há muitas pessoas sensíveis que acham um ex-primeiro não pode misturar na mesma frase imigração e segurança, apesar de uma parte significativa das políticas públicas que tratam da imigração estejam no sistema de segurança interna”, disse.
Sobre este tema, deixou um alerta com uma notícia que fez manchete na última edição do semanário Nascer do Sol, que Portugal estará atrasado na implementação de procedimentos que a partir do final do ano são obrigatórios para todos os países que fazem parte do grupo Shengen.
“Parece que vai haver necessidade de o novo Governo recorrer a mecanismos excecionais no âmbito do Ministério das Finanças - já não haverá tempo para concursos públicos, provavelmente adjudicações diretas - para ver se não furamos demasiado os nossos compromissos”, avisou.
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