Na apresentação do candidato autárquico do PSD e CDS-PP à Câmara Municipal da Amadora, Pedro Passos Coelho referiu-se à audição parlamentar de hoje do ministro das Finanças, dizendo que Mário Centeno "quis explicar aos deputados, com soberba, como se consegue um défice de 2%" e que "as cativações não eram senão um instrumento útil".
"O que é que se cortou? Porque é que não dizem? O que é que estava planeado e não se fez?", questionou, precisando que a Conta Geral do Estado de 2016 permitiu perceber que "as cativações definitivas foram de quase mil milhões de euros".
"Querem-me convencer que se pode cortar mil milhões de euros sem tocar na saúde, educação, na defesa, na administração interna?", inquiriu, dizendo que lhe custa "ver altas figuras do Estado dizerem aldrabices".
O líder do PSD referiu-se em concreto ao SIRESP (Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança em Portugal), acusando o atual Governo do PS de "estar em falta" com um reforço das comunicações móveis, que constava de um relatório pedido ainda pelo executivo PSD/CDS-PP à empresa de auditoria KPMG.
"Ainda em 2015 fizeram-se os procedimentos concursais para adquirir o que estava em falta, para responder às deficiências detetadas por aquela auditoria (...), porque é que quase dois anos depois há coisas que já deviam estar feitas não estão?", questionou.
O líder do PSD referiu-se ainda a uma notícia divulgada hoje pela edição online da revista Sábado, segundo a qual o Ministério Público já tinha em marcha uma investigação a um possível furto de armas de instalações militares quando os paióis de Tancos foram assaltados há uma semana, num processo aberto no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
"Isto é verdade ou não? Se sim, isto foi reportado pelo Sistema de Informações ao Governo? Se sim, o que fez o ministro da Defesa?", questionou.
O líder social-democrata acusou o atual Governo de prosseguir as "políticas ilusionistas" de outros executivos socialistas, mas alertou que "toda a gente sabe que é um truque".
"Se vivermos permanentemente naquela ilusão desse espetáculo, um dia a realidade entra-nos pela porta dentro, cai-nos em cima da cabeça quando não olhamos para o futuro como deve ser e estamos sempre à procura dos efeitos de mais curto prazo", alertou.
Passos Coelho aludiu ainda ao diploma que será votado na sexta-feira sobre a regularização dos precários, criticando o Governo por ter resolvido o problema "da forma mais burocrática do mundo", ao incluir neste regime todos os que trabalhavam para o Estado há mais de três anos.
"Alguém se deu ao cuidado de ir saber como é que queremos que o Estado seja nos próximos cinco ou dez anos, qual o tipo de serviço que deve ser prestado, para saber se precisamos daquelas pessoas ou de outras pessoas?", indagou.
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