"Se só temos a metade que menos falta faz, então podemos concluir que não temos Governo, a que mais falta faz não está cá", acusou Passos Coelho, na apresentação do candidato autárquico do PSD/CDS-PP/PPM a Oeiras, Ângelo Pereira.
Com referências aos incêndios que deflagraram em Pedrógão Grande e causaram 64 mortes e ao roubo de material de guerra em Tancos, o líder do PSD considerou que "os últimos tempos" demonstraram que não existe no país "uma solução de Governo completa".
"Ficámos com a convicção de que só temos meio Governo, o que sabe lidar bem com o sucesso, as coisas boas, as boas notícias. Falta a outra metade do Governo: a que tem de lidar com o imprevisto, saber responder às dificuldades, essa metade do Governo está em falta", acusou.
Para Passos Coelho, ficou claro que "foi o Estado que mais falhou nas últimas semanas", ainda antes de se determinar se há "muita ou pouca responsabilidade do Governo".
"Haveremos ter oportunidade de responder a estas perguntas, mas que o Estado falhou é evidente. Nós sabemos que compete ao Estado assegurar a segurança das pessoas, a defesa, a justiça", disse, considerando que estas áreas são "o núcleo mais irredutível do que significa um Estado".
Passos Coelho recordou a forma como este Governo minoritário do PS se formou, dizendo que "tinha uma melhor alternativa" à coligação PSD-CDS-PP, que foi a mais votada mas não conseguiu fazer aprovar um programa de Governo.
"[Diziam que] Não era preciso termos passado pelo que passámos para tirar o país do resgate, era possível crescer e ao mesmo tempo investir nas funções do Estado. Aquilo que se tornou muito patente foi que não era assim", disse, salientando que os últimos dois orçamentos já são da responsabilidade "do PCP, do BE, dos Verdes e do PS".
"Afinal queixam-se hoje como se queixavam há dois, três ou quatro anos que não foi feito investimento suficiente, de que afinal houve cativações, falta de investimento na defesa e se calhar administração interna", declarou.
Passos Coelho salientou que "a política faz-se de escolhas".
"Este Governo escolheu recuperar mais rendimentos e até escolheu aumentar a um mês das autárquicas as pensões, mas não tem dinheiro para pagar aos bombeiros, não tem dinheiro para as funções estruturais do Estado", disse.
"É falso que esta alternativa verdadeira existisse. Era bom que se acabasse com a prosápia de que tudo se resolve com magia socialista: quando mascaramos a realidade ela cai-nos em cima de forma muito dura", lamentou.
Antes de Passos Coelho, Telmo Correia falou também das atuais circunstâncias nacionais, deixando uma pergunta ao líder social-democrata.
"O que é que não diriam se fosse no nosso tempo, com vítimas como as que aconteceram, com organismos do Estado a combaterem-se uns aos outros?", criticou, considerando que "a incompetência do Governo está exposta".
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