“Confirmo que há um convite e que terá de ser sujeito a todos os procedimentos”, disse esta sexta-feira Paulo Macedo aos jornalistas, após a visita a uma agência da CGD, em Lisboa, na primeira aparição pública como presidente do banco.

O gestor disse que Carlos Albuquerque — que foi em 2014 para a supervisão do Banco de Portugal desde o BCP — terá ainda de passar por um período de transição (ou de nojo, antes de assumir novas funções) e que ainda falta ter as necessárias aprovações (nomeadamente do Banco Central Europeu) antes de regressar a um banco comercial.

“Mas nós trabalhamos em horizontes de quatro anos. A nossa visão da gestão é estrutural, não é para um mês ou dois”, afirmou.

Paulo Macedo falou ainda da destituição dos administradores da equipa liderada por António Domingues que não renunciaram aos cargos, Pedro Humberto Monteiro Durão Leitão e Tiago Ravara Belo de Oliveira Marques, tendo confirmado que foram contactados para assumirem outros cargos dentro do Grupo CGD, considerando que se eram “competentes para a administração poderão ser competentes noutras áreas”, mas recusou que isso possa ter que ver com questões relacionadas com remunerações.

“A parte da gestão da Caixa é que vê possibilidade de as pessoas poderem pôr os conhecimentos ao serviço da Caixa noutras áreas, mas isso é uma proposta que nada tem a ver com questões de remunerações ou de aceitação, que pessoas serão livres de o fazer ou não”, afirmou.

Segundo noticiou o Jornal de Negócios esta semana, o contacto a estes ex-administradores para assumirem funções de gestão noutras empresas do grupo terá que ver com o banco público poder poupar dessa forma as indemnizações que teria de lhes pagar por terem sido destituídos, que é de cerca de um milhão de euros a cada um.

A nova administração da CGD – que sucede à liderada por António Domingues, que saiu no final de 2016 na sequência de várias polémicas, após apenas quatro meses de mandato — entrou em funções em 01 de fevereiro e conta com Emídio Rui Vilar como presidente do Conselho de Administração e Paulo Macedo como presidente da Comissão Executiva.

Já os vogais executivos são Francisco Cary (anteriormente administrador do Novo Banco), João Tudela Martins (que integrava a administração anterior da CGD, liderada por António Domingues), José de Brito (quadro da Caixa), José João Guilherme (ex-administrador do Novo Banco), Nuno de Carvalho Martins (que saiu do Ministério das Finanças) e Maria João Carioca, que por ainda estar ligada à bolsa de Lisboa (de que é presidente) só iniciará funções em 06 de março.

Esta equipa de administradores executivos ainda deverá ser alargada, nomeadamente com a integração de Carlos Albuquerque, ex-diretor do departamento de supervisão do Banco de Portugal.

Por fim, da nova equipa de gestão da CGD falta ainda conhecer os restantes administradores não executivos, uma vez que para já só está nomeado Rui Vilar, como ‘chairman’.

A CGD está em processo de recapitalização num montante de cerca de 5.000 milhões de euros (dos quais 2,7 milhões de euros de injeção direta do Estado) que servirá para que o banco assuma maiores níveis de imparidades (perdas potenciais, nomeadamente com créditos), cumpra rácios de capital (indicadores de solvabilidade da instituição) mais exigentes e ainda faça face aos custos de reestruturação.

Da recapitalização da CGD faz parte a emissão de dívida subordinada até 1.000 milhões de euros junto de investidores privados, que é condição essencial do plano negociado com a Comissão Europeia para que o Estado coloque dinheiro no banco público.

Paulo Macedo disse hoje aos jornalistas que, após o fecho e certificação de contas de 2016, se iniciarão “os contactos com potenciais investidores” nessa emissão de dívida.

A CGD deverá entrar ainda num processo de mudança comercial e operacional, que incluirá a saída de mais de 2.000 trabalhadores nos próximos anos, nomeadamente através de acordos mútuos.