Numa intervenção sobre “Indústrias tradicionais, novos modelos de negócio, o mundo como mercado”, Paulo Portas apontou como sua “grande preocupação atual o estado da Europa”, referindo que esta “julga que é o mundo que tem um problema”: “Não é. É a Europa que tem um problema com o mundo neste momento”, vincou.
O ex-vice-primeiro-ministro desafiou os presentes no Fórum da Indústria Têxtil sobre “Novos Modelos de Negócio para a Fileira Têxtil e Moda” que esta tarde decorreu em Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, a olharem para a lista das dez maiores companhias do mundo, respondendo de imediato que “nenhuma é europeia neste momento: cinco americanas e cinco chinesas”.
Paulo Portas criticou ainda algumas medidas que têm estado a causar polémica e a serem discutidas no continente europeu, lembrando que “neste momento a Europa não tem jovens suficientes para sustentar as políticas sociais”, mas “parece que é contra” os migrantes e “passa o tempo na rua a berrar pelos direitos adquiridos”.
“Nós estamos a cavar um modelo muito difícil para a União Europeia se continuamos neste caminho (…). Não há jovens suficientes e a nossa atitude é de rejeição. Então onde estão os ativos que vão financiar os sistemas sociais? (…) E somos contra o livre comércio? Mas como é que nós achamos que vamos crescer?”, disse Paulo Portas.
O vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria também defendeu que “a globalização não é ideológica e, portanto, decisões ideológicas em globalização correm mal”, considerando que “não é possível um país sozinho decidir viver em autarcia”.
“Pode decidir, mas será um caso muito triste de empobrecimento porque os outros não o fazem ao mesmo tempo”, disse.
Já na fase final da sua intervenção, Portas defendeu que “quanto mais rígidos forem os Estados e as legislações, quantas mais rígidas forem as empresas e as suas organizações, menor é a capacidade de triunfar em economia aberta”.
“Se estivermos disponíveis para ser flexíveis, venceremos como Portugal foi capaz de vencer na primeira das globalizações. Se não estivermos disponíveis para ser flexíveis e acompanharmos cabeças rígidas que querem impor modelos rígidos, contribuímos para um empobrecimento geral que nem é bom para as nossas famílias, nem é bom para os nossos países”, concluiu o também ex-líder do CDS/PP.
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