“O DN e o JN já foram jornais públicos. Não se pode descartar essa possibilidade. Admite-se essa possibilidade”, afirmou Paulo Raimundo, ao ser questionado pelos jornalistas sobre se a nacionalização do GMG poderia ser uma solução.

O líder comunista, que falava após a sessão de apresentação dos candidatos da CDU por Évora nas legislativas, revelou que o programa eleitoral desta coligação inclui uma proposta para que o Estado tenha um meio de comunicação de imprensa.

“Mas julgo que, neste momento, é urgente responder, primeiro, aos direitos dos trabalhadores, aos salários que estão em atraso e às dificuldades por que estão a passar a cada uma das pessoas”, ressalvou.

Paulo Raimundo disse que só após se resolver este problema é que o Estado deve dedicar-se a “conhecer a situação da empresa” e a “não permitir que os acionistas, de um momento para o outro, sejam desresponsabilizados”.

“O Estado tem meios e forma de poder intervir no sentido de, primeiro, garantir que aqueles trabalhadores não podem ficar com salários em atraso nem podem perder os seus direitos”, sublinhou, considerando que esta “é a questão fundamental”.

Questionado sobre quais os tipo de instrumentos a que se refere, o secretário-geral do PCP respondeu que “há vários programas” que podem ser recorridos quando há empresas “em situação indefinida ou em pré-falência para garantir que os trabalhadores não ficam sem salários”.

“O Estado, em última instância, tem a responsabilidade de não permitir que se facilite e deixar cair um grupo com aquela dimensão e com aquelas publicações importantíssimas”, acrescentou.

Em 28 de dezembro, o GMG informou os trabalhadores de que não tinha condições para pagar os salários referentes a dezembro, sublinhando que a situação financeira é “extremamente grave”.

A comissão executiva não se comprometeu com qualquer data para pagar os salários de dezembro, mas sublinhou que estava a fazer “todos os esforços” para que o atraso seja o menor possível.

Entretanto, o grupo pagou, na quinta-feira, o subsídio de refeição referente ao mês passado e os salários aos trabalhadores nos Açores.

O programa de rescisões no GMG termina na quarta-feira, dia para o qual também foi convocada uma greve dos trabalhadores do grupo.

Em 6 de dezembro, em comunicado interno, a comissão executiva do GMG, liderada por José Paulo Fafe, anunciou que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”.