Após um jantar com militantes comunistas, na Feira de São João, em Évora, Paulo Raimundo acusou a banca de se estar a “abotoar” com a subida dos juros, às custas da população, e frisou que “o Governo precisa de tomar medidas concretas”.
“Precisamos de pôr o nosso banco, a CGD, a ter um papel ativo no problema, baixando o spread máximo para 0,25% nos créditos. E o Governo pode e deve fazer uma coisa que fez há dois anos com toda a naturalidade, que é uma moratória para os juros, para os empréstimos, durante dois anos”, sugeriu o líder dos comunistas.
São propostas que o Partido Comunista Português já apresentou “e foram rejeitadas”, lembrou Paulo Raimundo, assegurando que “o facto de terem sido rejeitadas não lhes retira qualquer valor”, pelo que vai ”insistir” nas mesmas.
“A pressão política e social vai obrigar o Governo a ceder. Não há alternativa a isso”, considerou.
Confrontado com as afirmações da presidente do Banco Central Europeu (BCE), que afirmou que as taxas de juro se deverão manter altas e descartou anunciar, num futuro próximo, que a taxa máxima foi atingida, Raimundo lembrou os “10,7 milhões de euros por dia” de lucros da banca que, frisou, são “uma afronta à vida de todos nós”.
“Há alguém que se está a abotoar com isto tudo. Falei da banca, dos 10,7 milhões de euros por dia. Até é escandaloso. Mas não é só a banca. E os retalhistas? E a energia? Está tudo a encher-se e o povo a ser cada vez mais apertado”, acusou o secretário-geral do PCP.
As afirmações de Paulo Raimundo foram feitas no mesmo dia em que o PCP acusou a presidente do BCE, Christine Lagarde, de “profundo desprezo pelas dificuldades das famílias”.
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, reagiu ao pedido de Lagarde, na quarta-feira em Sintra, para que os governos europeus não adotem novas medidas de apoios financeiros e de aumentos salariais para que a inflação seja mais rapidamente reduzida e não seja estimulada.
A líder parlamentar do PCP criticou o facto de o BCE insistir no aumento das taxas de juro, salientando que essa decisão está a “ser insuportável para as famílias” com crédito à habitação, e só favorece os grupos económicos.
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