Jerónimo de Sousa falava em Baleizão, no discurso de encerramento da tradicional homenagem do PCP à trabalhadora rural Catarina Eufémia, assassinada pelas forças do regime fascista, em 19 de maio de 1954, há 63 anos, naquela aldeia do concelho de Beja.

A acusação de Jerónimo de Sousa foi feita depois de ter criticado o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, por ter considerado, no sábado, "inoportuno, precipitado que se dessem passos adiante na concretização do fim da precariedade no Estado, tal como achava inoportuno e inaceitável" o aumento das reformas e dos salários e o fim da sobretaxa de IRS para os escalões de rendimentos mais baixos.

"Sempre, mas sempre que se discutia um avanço, uma proposta neste quadro da nova situação política, lá estava o PSD e o CDS-PP a revelarem o que lhes vai na alma: Não querem nenhum avanço, querem que isto volte outra vez para trás com a sua política de cortes e de ataque aos direitos dos trabalhadores", afirmou.

Na sua intervenção, perante militantes e simpatizantes do PCP, Jerónimo de Sousa lembrou os resultados de "anos de políticas de direita, que conduziram o país à crise" e a tornaram "mais dramática", e dos anos "particularmente duros" do anterior Governo PSD/CDS-PP.

Atualmente, "estamos numa nova fase da vida política nacional, mas isso não pode fazer esquecer as consequências da política de direita e coloca a necessidade de romper, de facto, com esse caminho", disse.

Por isso, os comunistas têm "a plena consciência de que as soluções para os problemas do país não dispensam, bem pelo contrário, exigem essa rutura com a política de direita".

"Nesta nova fase da vida política nacional, na nova correlação de forças existente na Assembleia da República, apesar dos fortes constrangimentos impostos pela União Europeia e o euro, das opções do Governo minoritário do PS e do contravapor desestabilizador do PSD e do CDS-PP, já foi possível avançar na reposição de direitos e rendimentos", sublinhou.

No entanto, os passos dados são "ainda curtos", mas "dados em frente na recuperação de condições de vida", frisou, referindo a título de exemplo o aumento, "embora de forma insuficiente", do Salário Mínimo Nacional e das pensões de reforma, a reposição dos feriados e das 35 horas de trabalho semanais na função pública e o fim da sobretaxa de IRS para os escalões de rendimentos mais baixos.

"Mantêm-se porém muitos problemas a carecerem de resposta, desde logo no plano dos direitos dos trabalhadores, mas também em muitos outros domínios da vida coletiva", como o "grave problema do desemprego, que se mantém a níveis inaceitáveis, a precariedade, que se tornou um flagelo social, os baixos salários e as baixas reformas".

Trata-se de problemas que "não admitem que se cruzem os braços à espera de uma qualquer benesse que caia dos céus" e precisam "da luta dos trabalhadores e do povo" para serem superados.

"É nesse combate que o PCP está empenhado com iniciativa e com propostas concretas, como as que tem apresentado na Assembleia da República, mas também e, no imediato, no processo de elaboração e debate" do Orçamento do Estado para 2018, disse.

Neste processo, frisou, os comunistas estão "determinados pelo cumprimento dos compromissos assumidos com os trabalhadores e o povo, não desprezando nenhuma situação que permita melhorar as condições de vida dos trabalhadores e do povo".