Numa intervenção no último dia do XXII Congresso do PCP, em Almada, Albano Nunes recordou que a história do movimento comunista e revolucionário internacional mostrou que “a marcha para o socialismo é mais complexa, acidentada e demorada do que em determinada altura previram em função dos sucesso da União Soviética do movimento comunista”.
“O desaparecimento da URSS e as derrotas do socialismo no leste da Europa representaram um dramático salto atrás no processo revolucionário mundial e serviram de pretexto para uma gigantesca campanha que continua sobre a falência e a morte do comunismo”, disse.
Para Albano Nunes, a “classe dominante utiliza os poderosos meios de manipulação ideológica de que dispõe para desacreditar a viabilidade do projeto comunista”, mas o partido contrapõe a essa tese “a experiência da realidade histórica que já demonstrou e continua a demonstrar, como em Cuba, China e Vietname, a viabilidade e a superioridade do socialismo”.
O antigo dirigente comunista considerou que o capitalismo enfrenta uma crise estrutural mas que “nunca cairá por si”, sendo necessário para o seu fim a “intervenção da força revolucionária”, a luta organizada das classe operária e das massas, o reforço dos partidos comunistas e a cooperação internacionalista.
“O ideal comunista não é uma utopia. (...) Não se limita a ser a expressão de um desejo nobre ou de uma exigência ética generosa. Com Marx e Engels tornou-se possibilidade real cientificamente fundamentada e, com a Revolução de Outubro, tornou-se construção criadora das massas operárias e camponesas nas concretas condições da Rússia revolucionária. O ideal comunista não é abstração idealista sem correspondência com a prática”, frisou.
Albano Nunes reconheceu “naturais imperfeições” do ideal comunista e defendeu, citando Lenine, que “todos os povos chegarão ao socialismo, mas cada um chegará à sua maneira” e garantindo que é “com base na situação concreta do nosso país que o PCP elabora o seu programa”.
Por sua vez, João Lopes, do Comité Central do partido, interveio sobre a situação da comunicação social, criticando o que diz ser a crescente integração destes meios em grandes grupos económicos que, considerou, “põem em causa o direito do povo português a uma informação plural e de qualidade”.
O dirigente disse haver uma crescente presença no espaço mediático do “sensacionalismo, notícia de crime, casos efémeros, publicidade mascarada de informação”, que afirmou ser “pasto fértil à promoção do individualismo” e “discriminações de toda a ordem”.
João Lopes saudou ainda as greves na agência Lusa e na Global Media (grupo do DN, JN, O Jogo e TSF) “pela valorização profissional, pelos aumentos salariais, contra a precariedade, em defesa dos postos de trabalho e mesmo dos próprios órgãos em que estes profissionais trabalham”, afirmando que estes trabalhadores contam com a solidariedade do PCP.
O dirigente criticou ainda o programa para a comunicação social anunciado pelo Governo afirmando que “para lá da propaganda não resolve nenhum dos problemas nem do seus profissionais” e que “é uma porta aberta ao capital de que é exemplo a ofensiva contra a RTP, com vista a agudizar o seu crónico subfinanciamento”.
“Aquilo que se impõe é a defesa do caráter público, o reforço dos meios e a valorização dos profissionais da RTP e da agência Lusa”, defendeu.
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