Em declarações aos jornalistas após um encontro na Associação dos Inquilinos Lisbonenses, em Lisboa, Paulo Raimundo foi questionado sobre as declarações de António Guterres que, esta terça-feira, “condenou inequivocamente os atos terroristas horríveis e sem precedentes do Hamas”, mas salientou que “não aconteceram num vácuo”.

O dirigente do PCP perguntou o que é que Guterres poderia “ter dito mais”, tendo em conta “os milhares e milhares de mortos”, incluindo de “dezenas de funcionários da ONU”, o “bloqueio total” à Faixa de Gaza ou o “bombardeamento indiscriminado” de hospitais ou escolas, “tudo pelas mãos do Governo de Israel”.

“O que é que era possível o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) ter dito mais? Menos do que aquilo não poderia ter dito”, defendeu.

Para Paulo Raimundo, o que é “intolerável são as reações prepotentes de Israel e dos seus seguidores mais seguidistas”.

“Isso é que é intolerável e incomportável porque, enquanto se iam criticando as declarações do secretário-geral das Nações Unidas, o que estava a acontecer eram mais mortes, mais destruição, mais bombardeamentos e mais gente privada de saúde, água, alimentação e combustível”, frisou.

O secretário-geral do PCP considerou que “isso é que é um drama”, acrescentando que é preciso travar “o massacre em curso” na Faixa de Gaza.

“Acho estranha a polémica em torno de questões factuais. O secretário-geral das Nações Unidas não disse nada que não fosse factual, por isso acho estranho esse ódio que está a querer impor-se, mas não vai conseguir impor-se”, disse.

Nestas declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo foi ainda questionado sobre um eventual acordo com o BE para solicitar a apreciação parlamentar do decreto-lei do Governo que enquadra a privatização da TAP – são necessárias as assinaturas dez deputados para fazer esse pedido.

O líder do PCP respondeu que o seu partido não descarta “nenhuma possibilidade para, também do ponto de vista legislativo, tentar travar o crime” que é a privatização da TAP, mas referiu, que tendo em conta a “correlação de forças” no parlamento, o que vai travar esse processo é a “força que os trabalhadores e as populações” tiverem para contrariá-lo.

Já depois de, esta manhã, ter estado em contacto com utentes que fazem a travessia do Tejo entre Lisboa e a margem sul, Paulo Raimundo foi questionado sobre a posição do PCP relativamente ao anúncio, feito esta quarta-feira pelo ministro do Ambiente, de que irá ser feita a fusão das empresas Transtejo e Soflusa.

O secretário-geral do PCP indicou que “o que os utentes da Transtejo, da Soflusa precisam, é de mais barcos, de mais trabalhadores para a manutenção dos barcos, e mais resposta para acabar com os atrasos intermináveis”.

“A forma de organização disso é a questão menos importante. (…) Para a vida das pessoas, que têm de atravessar todos os dias para lá e para cá, é aquilo que menos importa”, disse.