“O que o Governo acaba por fazer é tentar, com os recursos que tem, potenciar cada uma das unidades. Isto traz problemas de acesso, cria dúvidas e falta de confiança na população (…) o que esperamos é que o Governo venha fazer um remedeio”, afirmou o deputado João Dias, em declarações aos jornalistas no parlamento, na véspera de ser apresentado um plano para as urgências pela nova direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O deputado salientou que o PCP já alerta “há bastante tempo” sobre a situação de pressão sobre os serviços de urgência e que “é conhecido que na época de inverno existe maior sobrecarga”.

“O que era necessário são medidas de fixação e atratividade dos profissionais do SNS, o que o Governo tem feito é continuar a política de desvalorização dos profissionais de saúde. O que precisamos não é de um caminho de enceramento mas de alargamento da resposta pública”, afirmou.

João Dias lamentou ainda que a direção executiva do SNS tenha “caminho livre para contratualizar com privados e as instituições de saúde não tenham autonomia para contratar profissionais de saúde”.

“São duas medidas completamente antagónicas quando precisamos de reforçar o vínculo público”, lamentou.

Hoje, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, disse não querer adiantar mais pormenores sobre o plano, remetendo para quinta-feira uma explicação mais aprofundada a ser dada pela direção executiva do Serviço Nacional de Saúde, mas assegurou que o objetivo é, em alguns casos, agregar serviços de forma a garantir que as pessoas saibam onde procurar cuidados.

Na sexta-feira passada, o ministro da Saúde voltou a admitir que “nem tudo está a funcionar como devia” nas urgências do Serviço Nacional e Saúde (SNS) e avançou que apresentaria esta semana um “plano de previsibilidade” com “respostas alternativas”.

“Admito que nem tudo possa estar a funcionar como deve em todos os sítios. O que vamos anunciar na próxima semana é quais são os casos onde isso possa não acontecer, de forma a dar previsibilidade às pessoas”, disse Manuel Pizarro.

Em Matosinhos, no distrito do Porto, e questionado sobre quais as especialidades mais afetadas, o governante disse: “Em alguns casos na obstetrícia, noutros a pediatria, e outras”.

“Veremos. Vamos anunciar isso [respostas alternativas] com um plano de previsibilidade. É muito importante para as pessoas, que ficam a saber com o que podem contar, e muito importante para os nossos serviços porque vamos preparar as respostas alternativas. Nenhuma portuguesa e nenhum português deixará de ter uma resposta do SNS”, acrescentou então.