“O que os agricultores precisam hoje, e em particular os pequenos e médios agricultores, é que o seu rendimento, fruto das suas produções, aumente. Para isto acontecer é preciso, desde logo, acabar com uma questão central, que é a ditadura da grande distribuição”, defendeu Paulo Raimundo em declarações aos jornalistas na sede nacional do PCP, em Lisboa.
Para o líder comunista, “enquanto não se acabar com a ditadura da grande distribuição”, que “aperta os rendimentos aos agricultores”, vai-se continuar a ver “mais explorações encerradas, menos produção alimentar”.
“O que se está a passar hoje é uma luta justa dos agricultores e tem de ser também uma justa luta de toda a população, porque primeiro vão os agricultores e depois a seguir vamos nós”, advertiu.
Paulo Raimundo consideru que há um ponto comum que une os agricultores que estão em protesto na Europa, referindo-se à Política Agrícola Comum (PAC), criticando as consequências que teve em Portugal e notando que há responsáveis pela sua conceção política e pela sua concretização.
“Bem podem vir agora com declarações, com vídeos enviados para as redações com toda a firmeza, mas são todos responsáveis: PS, PSD e CDS, como protagonistas desta PAC, e o Chega e Iniciativa Liberal como apoiantes”, criticou.
Para o secretário-geral do PCP, esses partidos “são todos cúmplices, cúmplices das 400 mil explorações agrícolas que foram à vida, pelo desprezo da agricultura familiar, por esta política de abandono da produção nacional e alimentar”.
Sobre as medidas anunciadas pelo Governo, de apoios de mais de 400 milhões de euros aos agricultores, Paulo Raimundo considerou que a medida é importante mas não chega.
“O que é preciso é criar as condições para que os agricultores aumentem os seus rendimentos, nomeadamente fruto do trabalho que têm e com a venda dos seus produtos”, afirmou.
O secretário-geral do PCP advertiu que se está perante uma situação em que “se está a esmifrar os agricultores, os pequenos produtores”.
Os agricultores estão hoje na rua com os seus tratores, de norte a sul, reclamando a valorização do setor e condições justas, num protesto que já bloqueou várias estradas de norte a sul.
O protesto, organizado pelo Movimento Civil de Agricultores, decorre um dia depois de o Governo ter anunciado um pacote de mais de 400 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).
Segundo um comunicado divulgado na quarta-feira, os agricultores reclamam o direito à alimentação adequada, condições justas e a valorização da atividade.
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