“Perante estas necessidades gritantes da ferrovia e perante a falta de respostas que continuamos a verificar por parte do Governo, é importante que haja uma abordagem não pontual, não apenas de um episódio por outro, mas sim uma resposta transversal, estruturante, que tem de ser dada e relativamente à qual é o desafio e a exigência com que o PCP confronta o Governo esta quarta-feira na Assembleia da República”, disse o deputado do PCP Bruno Dias.

O deputado explicava, em declarações à agência Lusa, os objetivos do partido com o debate de atualidade agendado para esta tarde na Assembleia da República sobre "A situação da ferrovia nacional" e no qual o Governo estará, de acordo com fonte oficial, representado pelo secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco.

De acordo com Bruno Dias, há respostas que não estão a ser dadas e “há um bloqueio sistemático por parte do Governo a decisões e medidas indispensáveis no que diz respeito ao investimento, mas também à própria manutenção da rede ferroviária nacional e das próprias oficinas de material circulante”.

“Temos vindo a acompanhar e a intervir desde há muito tempo sobre problemas estruturais graves e um vasto conjunto de situações que têm a ver com opções políticas da parte do Governo em relação à ferrovia”, disse.

Segundo o comunista, têm-se ouvido “muitos anúncios e muita propaganda” sobre a ferrovia, dando o exemplo “do famoso programa de investimento Ferrovia 2020, que como o próprio nome indica, já devia ter ficado concluído e está com uma taxa de execução cerca de 15%”.

“A compra de material circulante ferroviário, os novos comboios já foram muitas vezes anunciados e prometidos, mas o processo está a enrolar-se e muito lentamente a desenvolver-se e enquanto isso, falta material circulante”, condenou.

O deputado do PCP considerou que “é preciso devolver uma oferta de serviço de transporte às populações e isso não está a acontecer”, havendo “uma carência de pessoal” resultante de um “nível salarial muito baixo com que os trabalhadores ferroviários se defrontam e em relação ao qual têm vindo a lutar”.

“Claramente há uma exigência que não é só do PCP. Quando os trabalhadores ferroviários vão à luta e exigem respostas por parte do Governo, quando os utentes dos transportes e em particular os utentes do serviço ferroviário se confrontam com um serviço claramente insuficiente e a necessidade de haver o desenvolvimento e o reforço dessa oferta, então não é só o PCP que espera respostas”, enfatizou.