Em declarações à agência Lusa, a eleita comunista Ana Jara explicou que, num momento em que a cidade se encontra “em pleno processo de apagamento da atividade industrial”, o partido pretende “criar um espaço que trabalhe essa memória, mas que depois também trabalhe as questões do trabalho na cidade”.

A ideia “não é [o museu] ficar colado ao passado do operário, é criar um operário do século XXI, porque também há ainda operários no século XXI em Lisboa, e há pessoas que trabalham manualmente, portanto também têm de ter o seu espaço na cidade, que é cada vez mais negado”, acrescentou.

O espaço deverá “traçar a história, construir a memória” e “fazer um repositório destes espaços, destas atividades e destas vidas”, reforçou a vereadora comunista.

“Nós não temos aqui um programa muito fechado, isto é uma ideia, depois virá uma equipa para o projeto do museu. Nós estamos a dar uma ideia geral sobre um momento da cidade em que isto está de facto a desvanecer, a desaparecer e, portanto, é importante estudá-lo, recordá-lo, e até transportar aquilo que é a atividade industrial que ainda existe em Lisboa para o século XXI”, notou Ana Jara.

De acordo com a proposta do PCP, o município deverá criar um Museu do Operário e da Atividade Industrial que, “em colaboração com outras entidades, promova a investigação, o levantamento a recolha, a conservação e a apresentação de espólio, testemunhos e estudos relevantes sobre os operários e a atividade industrial”.

Os comunistas pretendem também “a criação de um grupo de trabalho do projeto do museu que deverá integrar personalidades e representantes de organizações relevantes e de reconhecido mérito, além de representantes do município, especialistas em museologia, dirigentes e antigos dirigentes de organizações representativas dos trabalhadores e de coletividades operárias da cidade de Lisboa, investigadores da História do Movimento Operário, da cultura e da cidade de Lisboa, entre outros”.

Este grupo “deverá acompanhar a instalação do museu até à sua abertura e durante o primeiro ano de vigência do mesmo”, acrescenta o documento.

O PCP destaca ainda na proposta que a gestão do espaço ficará a cargo da Câmara de Lisboa, que deverá alocar "os meios financeiros, logísticos e os recursos humanos necessários à criação e funcionamento deste museu”.