Em declarações aos jornalistas no parlamento, Pedro Nuno Santos reiterou que foi o PS que apresentou a solução para resolver o impasse institucional, salientando que, na reunião que teve esta manhã com o líder do PSD, Luís Montenegro, não lhe foi apresentada “nenhuma solução”.
“O que a AD e o primeiro-ministro indigitado mostrou neste processo é que não tem uma solução parlamentar estável, nem tem uma solução de Governo estável, e revelou também que não tinha capacidade de iniciativa e de liderança para resolver impasses como aquele que nós acabámos por sofrer nas últimas 24 horas”, afirmou.
Pedro Nuno referiu que, como partido responsável, o PS sempre disse que não iria permitir um impasse constitucional aprovando moções de rejeição, tal como agora também não iria “conviver com um impasse parlamentar”.
“Por isso, o PS, como partido responsável que quer preservar as instituições democráticas do nosso país, fez uma proposta que nos permitisse resolver e seguirmos com o trabalho parlamentar, político, para verdadeiramente nos concentrarmos nos problemas do país”, frisou.
Depois, Pedro Nuno Santos criticou o líder do Chega, André Ventura, salientando que se apresenta “como tendo uma grande vontade de confrontar e de mudar o sistema”, mas, na verdade, “está interessado em ser parte do sistema”.
“É muito importante que todos os portugueses, mas também aqueles que votaram no Chega, tenham consciência disto: o líder do Chega passou as últimas semanas a mendigar um lugar no Governo. Não é alguém que quer estar de fora, a confrontar o Governo, é alguém que quer estar dentro”, afirmou.
Em contraponto, o líder socialista afirmou que o PS revelou desde a noite eleitoral “um desprendimento em relação ao poder, assumindo desde logo os resultados eleitorais, as consequências desses resultados e a derrota no dia 10 de março”.
“Era aquilo que nos cabia. O líder do Chega teve todo o tempo, aliás usou mesmo a expressão de ter de se humilhar, e foi exatamente isso que foi fazendo ao longo deste tempo para conseguir ter um lugar no Governo”, criticou.
O secretário-geral do PS garantiu que o papel do seu partido vai ser de ser oposição ao futuro Governo da AD, salientando que fará uma oposição “política, programática” e que não era isso que estava em causa na votação para a presidência do parlamento, mas antes “um impasse parlamentar”.
“Do ponto de vista político, o PS continuará a ser oposição. O líder do Chega não é líder da oposição, é chefe da confusão. Nós lideraremos a oposição de forma construtiva, responsável, mas que não haja ilusões sobre o futuro da política em Portugal: o PS não será um suporte de um Governo da AD e é bom que isso fique claro para todos”, salientou.
Nestas declarações aos jornalistas, o líder do PS disse ainda que só foi contactado pelo PSD 15 minutos antes de o partido anunciar publicamente a candidatura de José Pedro Aguiar-Branco para a presidência da Assembleia da República.
“Espero que não seja esta a forma como o líder da AD entende que se vai relacionar com os diferentes partidos no parlamento, nomeadamente como PS. Não é assim”, disse, considerando que, caso a AD quisesse fazer uma “tentativa de conciliação ou de acordo”, teria de ter havido um contacto entre os líderes dos dois partidos.
“Aquilo que o PSD nos demonstrou, com todo este processo, é que entende que pode estar simplesmente fixado com os pés no chão e que os outros é que têm de se aproximar. Não funciona assim a democracia: quando um líder político tem uma solução de Governo ou quer governar, tem de procurar soluções. Não foi isso que aconteceu neste caso”, criticou.
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