Em entrevista ao Público e à Rádio Renascença, divulgada esta quinta-feira, Pedro Nuno Santos reconhece que, “objetivamente”, o Governo está a atravessar o seu “momento mais difícil”, apontando em concreto o caso do incêndio de Pedrogão Grande, que fez 64 mortos e mais de 250 feridos.
“[Este é o momento mais difícil do Governo] desde logo porque tivemos há duas semanas e meia uma tragédia em que morreram 64 pessoas. E isso é uma tragédia que nos atinge a todos – e ao Governo também, em particular”, sublinha.
O membro do Governo recusa-se, contudo, a comparar a gravidade dos casos do incêndio de Pedrogão Grande e do furto de material de guerra em Tancos, no concelho de Vila Nova da Barquinha, alegando que é “um erro” tentar “tratar os dois incidentes da mesma maneira”, ou seja, “uma catástrofe natural nunca antes registada” e “um crime”.
Questionado sobre o silêncio do PS relativamente ao ministro da Defesa, Azeredo Lopes, é Pedro Nuno Santos a abordar os casos das hipotéticas demissões no Governo na sequência de Pedrogão Grande e de Tancos.
“… Todos nós, políticos e já agora comunicação social, temos que mudar o chip. Porque a primeira resposta que temos quando há um problema, quando há uma crise, a resposta (por falta de criatividade ou até por alguma preguiça intelectual e política) é a exigência de uma demissão. Como se a demissão resolvesse um problema!”, acentua.
Logo a seguir, Pedro Nuno Santos alerta que “as demissões, quando são pedidas, têm muitas vezes consequências perversas, que é criar a ilusão de que o problema está resolvido com a demissão”.
“Não me parece ainda que tenha havido uma necessidade tão brutal de o PS defender o ministro da Defesa – eu estou cá e posso fazer isso com todo o gosto e convicção”, salienta o também dirigente socialista, acusando a direita de fazer um “exercício oportunista” no caso do furto de armas nos paióis da base de Tancos, revelado pelo Exército na semana passada.
O secretário de Estado defende que é importante tentar “perceber o que aconteceu”, antes de “pedir para rolar cabeças”, até para não “dizer asneiras”.
O membro do Governo afirma não estar certo de que o sistema de videovigilância da base de Tancos não estivesse a funcionar há dois anos e recorda que não é ao ministro da Defesa que cabe decidir quantos efetivos são necessários para fazer a guarda dos paióis de Tancos.
Quanto ao Orçamento do Estado para 2018, Pedro Nuno Santos reconhece que os incêndios atrasaram a negociação com a esquerda parlamentar mas aponta “alguns avanços” quanto à reforma do IRS e ao descongelamento das carreiras no Estado.
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