“Tenho conhecimento de vítimas indiretas deste processo, de pessoas que puseram termo à vida, em desespero”, sinal de que “não receberam a tempo o apoio psicológico que lhes devia ter sido prestado”, declarou o líder dos sociais-democratas aos jornalistas após uma visita ao quartel dos bombeiros de Castanheira de Pera, distrito de Leiria.
O líder do PSD afirmou ter conhecimento de pelo menos um suicídio, ocorrido na região, praticado por um familiar de pessoas que morreram no incêndio que deflagrou na semana passada em Pedrógão Grande.
Pedro Passos Coelho exigiu ainda do Governo a aprovação de medidas que visem indemnizar as famílias das vítimas do incêndio de Pedrógão Grande que morreram ou ficaram feridas em espaços públicos.
“O Estado não tomou ainda essa iniciativa”, disse Passos Coelho.
O líder social-democrata realçou a necessidade de o Governo avançar com “um mecanismo relativamente às vítimas à guarda do Estado”, que morreram em “vias públicas”, sobretudo na estrada nacional 236-1, no dia 17 de junho, onde 47 pessoas perderam vida.
Na sua opinião, poderá o executivo de António Costa aprovar um conjunto de medidas urgentes, tal como aconteceu em 2001, da parte do Governo de António Guterres, na sequência da queda da ponte de Entre-os-Rios, sobre o rio Douro, em que morreram mais de 50 pessoas.
Passos Coelho admitiu que, desta vez, seja “um mecanismo mais robusto”, através de um decreto-lei, e sublinhou que “o Estado falhou” na sua obrigação de “garantir a segurança e a vida” dos cidadãos.
“O Estado falhou e ainda está a falhar”, frisou, ao anunciar que, caso o Governo não aprove as referidas medidas, o PSD “não deixará de as recomendar” na Assembleia da República ou de tomar uma “iniciativa legislativa” com esse objetivo.
Cabe ao executivo “evitar que as famílias das vítimas tenham de demandar o Estado em tribunal” a fim de serem indemnizadas.
Antes da visita a Castanheira de Pera, o líder do PSD visitou o Atlético Clube Avelarense, no Avelar, concelho de Ansião, a Câmara Municipal e a Misericórdia de Pedrógão Grande, onde se reuniu com o autarca Valdemar Alves e o provedor João Marques, respetivamente.
Os incêndios que deflagraram na região Centro, há uma semana, provocaram 64 mortos e mais de 200 feridos, e só foram dados como extintos no sábado.
Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.
A área destruída por estes incêndios - iniciados em Pedrógão Grande, no distrito de Leira, e em Góis, no distrito de Coimbra - corresponde a praticamente um terço da área ardida em Portugal em 2016, que totalizou 154.944 hectares, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna divulgado pelo Governo em março.
Das vítimas do incêndio que começou em Pedrógão Grande, pelo menos 47 morreram na Estrada Nacional 236.1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, concelhos também atingidos pelas chamas.
O fogo chegou ainda aos distritos de Castelo Branco, através da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra.
O incêndio de Góis, que também começou no dia 17, atingiu ainda Arganil e Pampilhosa da Serra, sem fazer vítimas mortais.
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