A sugestão faz parte das recomendações do relatório do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais sobre o incêndio de Pedrógão Grande, coordenado por Domingos Xavier Viegas e hoje entregue à ministra da Administração Interna.
O documento, intitulado “O complexo de incêndios de Pedrógão Grande e concelhos limítrofes, iniciado a 17 de junho”, sustenta que no campo da prestação de socorro médico em catástrofes como a de Pedrógão “há que melhorar muito a organização de um serviço de busca e salvamento” para prestar socorro e apoio sanitário.
Os autores do trabalho alertam para a possibilidade da repetição de tragédias como a de Pedrógão Grande, devido às alterações climáticas e “fatores agravantes” dos incêndios florestais, pelo que é preciso “preparar o país”.
E sugerem que haja mais responsabilização da negligência quanto a, por exemplo, ausência de planos de defesa e de emergência. “Deveria haver uma maior responsabilização das entidades e dos cidadãos encarregados destas tarefas”.
Os autores afirmam ainda ter reservas quanto às “evacuações compulsivas generalizadas”.
“Os cidadãos que estejam física e psicologicamente aptos para defender as suas habitações não deverão, em princípio, abandoná-las”, e “no caso de ser necessária uma evacuação ela deve ser planeada e executada com antecedência”, diz-se no relatório.
No mesmo documento também se recomenda “um grande cuidado” na seleção dos quadros de comando” da estrutura da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) e dos Bombeiros, devendo ser valorizadas as pessoas com experiência e com provas dadas.
“Defendemos que em todos os escalões haja uma melhor qualificação dos agentes de proteção civil”, e “reconhecemos que uma resposta mais pronta nas emergências carece de uma maior profissionalização dos bombeiros”, são frases do relatório, no qual se defende o voluntariado mas dotado de maior “exigência e disciplina”.
Os responsáveis defendem ainda na síntese de recomendações que o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, ICNF, tenha uma maior presença e participação na gestão dos incêndios florestais.
O incêndio de Pedrógão Grande deflagrou a 17 de junho e provocou, segundo dados oficiais, 64 mortos, mas este relatório eleva o número para 65, contabilizando como vítima mortal uma mulher que foi atropelada quando fugia do fogo.
Este fogo alastrou para os concelhos vizinhos e foi extinto uma semana depois.
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