Pelas 08:40, o diretor do Agrupamento de Escolas de Benfica, Manuel Esperança, dirigiu-se às dezenas de alunos que se juntaram no auditório do Bloco C da escola para os informar de que, pela primeira vez na história do estabelecimento de ensino, poderiam ir embora porque não havia aulas.
“Não vamos ter aulas hoje, mesmo que venham um ou dois funcionários, que não devem vir”, disse Manuel Esperança num auditório ainda às escuras, recebendo de volta aplausos de contentamento dos alunos.
Nas poucas palavras que dirigiu aos alunos, o diretor do agrupamento pediu ainda: “Tenham juízo. Vão sair e vão para as vossas casas, não quero que nada de mal vos aconteça”.
A Escola Secundária José Gomes Ferreira fez a 20 de novembro 39 anos e nunca tinha encerrado por completo em qualquer greve de pessoal docente ou não docente.
Manuel Esperança, que está há quase 30 anos no agrupamento, remeteu para mais tarde um balanço sobre as escolas do agrupamento.
Na Escola Básica 1,2,3 e J.I. Pedro de Santarém, também em Benfica, a greve do pessoal não docente impediu o funcionamento das aulas para os 2.º e 3.º ciclos.
Preso aos portões da escola, que pelas 08:45 estavam fechados com grupos de alunos à porta, um cartaz informava pais, encarregados e educação e alunos: “Em virtude da greve do pessoal não docente informamos que a escola não reúne as condições para assegurar as atividades letivas aos alunos do 2.º e 3.º ciclo”.
A Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais convocou para hoje uma greve do pessoal não docente em protesto contra a “falta crónica” destes funcionários.
A estrutura sindical considera que a falta de pessoal não docente se arrasta “sem solução há anos, apesar das promessas dos sucessivos governos do PS, do PSD e CDS e que no presente ano letivo se agravou”.
Esta situação, salientam os sindicatos, tem sido demonstrada, através da “luta desenvolvida, por toda a comunidade escolar: sindicatos e trabalhadores. associações de pais e alunos com o encerramento de escolas por todo país”.
Os funcionários exigem o fim da precariedade e a integração dos atuais trabalhadores precários, a contratação imediata de mais 6.000 trabalhadores para os quadros”.
Reivindicam também “uma nova portaria de rácios e dignificação salarial e funcional, o fim do processo de desresponsabilização do Estado Central e de descentralização\municipalização da escola pública, uma escola pública universal, inclusiva e de qualidade”.
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