A organização denuncia também diversos desaparecimentos, torturas e detenções ilegais, admitindo que o total de mortes pode ser de “dezenas” nas últimas semanas, segundo nota divulgada na noite de sexta-feira, citada pela Efe.
“O Governo de Essuatíni adotou uma repressão brutal aos direitos humanos em resposta aos protestos pró-democracia”, destacou o diretor da AI para a África do Sul e Oriental, Deprose Muchena, citado no comunicado.
A organização de defesa dos direitos humanos, que afirma ter a confirmação de “fontes oficiais” de mais de 20 mortos, também criticou duramente o corte do acesso à internet no país e pediu investigações independentes à brutalidade policial.
“Embora tenha havido atos de violência associados aos protestos, as autoridades deveriam ter respondido de forma diferenciada e proporcionada e respeitar o direito de reunião pacífica”, realça a AI.
O país já recebeu mensagens críticas da vizinha África do Sul pela dura repressão aplicada e organizações internacionais, como a representação da União Europeia para Essuatíni ou a Comissão da União Africana, expressaram a sua preocupação nos últimos dias e pediram às partes “diálogo” e o fim da violência.
Na sexta-feira, a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) também falou em termos semelhantes e anunciou a mobilização de uma delegação de ministros para visitar o Essuatíni.
Uma onda de protestos pró-democracia abalou o Essuatíni nas últimas semanas para exigir reformas políticas e gritar contra a brutalidade com que qualquer tentativa de dissidência na última monarquia absoluta na África é reprimida.
Pelo menos outros cinco manifestantes morreram por ferimentos de balas e 50 ficaram feridos, segundo denunciaram fontes da oposição, na sexta-feira.
As mobilizações tornaram-se especialmente violentas desde a última segunda-feira, com saques, incêndios de camiões, campos e prédios e graves confrontos entre manifestantes e forças de segurança.
Em resposta, o governo ordenou um toque de recolher, cortou a internet e colocou o exército nas ruas.
O Essuatíni, onde residem mais de mil cidadãos portugueses, está sob o comando absoluto de Mswati III desde 1986 e tem pouco mais de um milhão de habitantes, a maioria deles jovens.
Em abril de 2018, o próprio monarca decidiu mudar o nome oficial do país, substituindo o nome oficial em inglês da Suazilândia por Eswatini (Essuatíni), que na língua local significa “o lugar do suazi” (grupo étnico majoritário).
Além da falta de direitos e liberdades no nível político, o país enfrenta altos níveis de pobreza e uma alta prevalência de problemas de saúde como tuberculose e HIV.
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